Assembleia mineira não abre processo contra deputado Perrella Alex Rodrigues - Agência Brasil, Edição: José Romildo
02.12.2013
O deputado mineiro Gustavo Perrella (Solidariedade) é dono de helicóptero apreendido com cocaína (Divulgação)
Brasília – Cinco dias após a Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Minas Gerais determinar à Comissão de Ética e Decoro Parlamentar que “realize todas as apurações necessárias” para esclarecer se o deputado estadual Gustavo Perrella (Solidariedade) sabia que um helicóptero pertencente à sua empresa estava sendo usado para transportar drogas, nenhum procedimento administrativo formal foi instaurado para esclarecer o assunto.
Nenhum parlamentar mineiro ou partido político apresentou denúncia ou representação formal contra Perrella. Enquanto isso, o presidente da comissão, deputado Sebastião Costa (PPS), aguarda informações para decidir se convoca ou não os sete integrantes do grupo para discutir as providências a tomar.
O helicóptero registrado em nome da empresa de Perrella foi apreendido pela Polícia Federal (PF) com cerca de 450 quilos de cocaína. A apreensão ocorreu no último dia 24, em fazenda localizada próximo a Afonso Cláudio (ES). De acordo com a Superintendência da PF no Espírito Santo, o piloto da aeronave e funcionário da Assembleia Legislativa, Rogério Almeida Antunes, disse, após ser preso, que a droga vinha de São Paulo, mas que ignorava para onde seria levada. O depoimento inicial do piloto levou a PF a descartar o envolvimento de Perrela ou de seus parentes no caso.
Mesmo assim, no último dia 28, a Mesa Diretora determinou que a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar apure o assunto e que a Procuradoria-Geral da Assembleia acompanhe as investigações da PF. A comissão, no entanto, só pode instaurar um procedimento administrativo após receber denúncia ou representação formal, o que pode ser apresentado por qualquer deputado estadual, partido político ou integrante da Mesa Diretora. A representação contra um parlamentar suspeito de atividades que infrinjam as prescrições constitucionais, a ética ou o decoro também pode ser protocolada pelo ouvidor-geral da Casa, cargo atualmente ocupado pelo deputado Inácio Franco (PV).
Para o advogado de Perrella, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, após o depoimento do piloto e a manifestação da própria PF, não há razões para que a Comissão de Ética se debruce sobre o caso. “A PF já deixou claro que o deputado não é investigado. Ele e a irmã foram ouvidos apenas para checagem das informações prestadas pelo piloto, que o inocentou. O deputado foi vítima da apropriação indébita de seu helicóptero e não há sentido algum em ele ser alvo de uma representação que, se for apresentada, será motivada por razões políticas”, disse Kakay à Agência Brasil.
Já o presidente da Comissão de Ética, deputado Sebastião Costa (PPS), considera que a comissão ainda precisa analisar melhor o assunto. “Acho que temos que fazer nosso trabalho à luz da interpretação da Comissão de Ética, que entende que ainda é preciso verificar se há envolvimento do parlamentar nessa questão. Se não há é algo que a comissão vai examinar no momento apropriado”.
Na sexta-feira (29), Costa pediu informações à Gerência de Prestação de Contas da assembleia para saber se, em novembro, a Casa ressarciu Perrella por gastos com combustível para aeronaves. A expectativa é que, com essas informações, seja possível esclarecer em que condições e para que fins o helicóptero estava sendo usado. Costa também solicitou à Procuradoria-Geral que acompanhe obtenha mais informações junto à PF e as repasse à comissão. O deputado agora aguarda as respostas para decidir se vai convocar uma reunião da comissão para tratar do assunto. “As respostas a essas providências pode ensejar ou não a instauração de um procedimento [contra Perrella]”.
Preso, o piloto do helicóptero foi exonerado do cargo de agente de serviços de gabinete que ocupava na Assembleia desde março deste ano. Antunes, que também trabalhava para a empresa de Perrella em nome da qual está registrado o helicóptero modelo Robinson R66, havia sido contratado pela 3ª Secretaria da Casa por indicação do deputado. Segundo a assessoria da Assembleia, Antunes recebia R$ 829, mais R$ 400 de auxílio-alimentação e R$ 200 de auxílio-transporte, por uma jornada de quatro horas.
Leia também:
FARINHAÇO: "Venha fazer carreira na Assembleia Legislativa de MG"