Senador Cristovam Buarque é mais um político que envelhece mal, cada vez mais distante do passado político em defesa da educação que o consagrou. Hoje, no Senado, ele defendeu Moura Castro e mais uma vez a fala preconceituosa, machista de figuras públicas é amenizada e tratada como 'brincadeira'. O machismo não é brincadeira, o machismo precisa ser erradicado, senador Cristovam Buarque. E quem é o senhor para dizer a 37 entidades de defesa da educação pública com o que podemos ou não nos indignar?
Reproduzo a transcrição de sua fala:
"(...) Nota pesada sobre o Cláudio. Se nenhum de nós reclamou, ou foi uma frase perdida no meio de outras, ou nós fomos omissos. Foi uma frase infeliz do ponto de vista do machismo, sim. Foi uma frase no meio de uma fala consistente. Não justifica a nota que fizeram. Ele fez uma nota se justificando. Foi uma brincadeira de mau gosto. Não se justifica a nota que foi feita."
Ao final da sétima e última audiência da Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) sobre o Plano Nacional de Educação (PLC 103/2012), nesta quinta-feira (7), o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) defendeu o economista e especialista em educação Claudio de Moura Castro. Ele é alvo de "pesadíssima" carta de repúdio, assinada por 37 entidades do setor, contra declarações feitas em um dos debates da CE sobre o tema.
Leia também:A afirmação "infeliz" de Moura Castro, segundo reconheceu Cristovam, foi a seguinte:
"já que todo mundo botou um negócio no plano [PNE], um artiguinho, eu quero propor um artiguinho no plano: um bônus pras caboclinhas de Pernambuco e do Ceará se conseguirem casar com os engenheiros estrangeiros, porque aí eles ficam, aumenta o capital humano no Brasil. Aumenta a nossa oferta de engenheiros. Todo mundo pôs, eu também quero por".
- Foi uma brincadeira de mau gosto, que ele reconheceu depois [em nota de desculpas], mas não justifica a violência que fizeram contra ele, a nota tão dura tentando desqualificar a parte positiva de sua fala - argumentou Cristovam, observando, inclusive, que nenhum dos presentes à audiência protestou na ocasião.
A defesa pública de Moura Castro também foi apoiada pela educadora Guiomar de Mello e pelo senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), ambos participantes do último debate da CE sobre o PLC 103/2012.
- Infelizmente, isso [a crítica pesada das entidades] é dado diante do grau de intolerância que está permeando os debates públicos. Nós temos verdadeiros 'black blocks do politicamente correto e isso é absolutamente lamentável - afirmou Aloysio.
Além de protestar contra a declaração do economista e exigir sua retratação pública, as 37 entidades que assinaram a carta de repúdio classificaram sua "proposta" de "preconceituosa, inadmissivelmente machista e discriminatória".