CUT e movimentos sociais foram ao Rio de Janeiro para dizer não ao leilão de Libra (Foto: Nando Neves)Leilão de Libra: dos males, o menor
Por: Luiz Carvalho, na CUT
21/10/2013
Para CUT, escolha do consórcio liderado pela Petrobrás está longe de ser o melhor cenário, mas seria pior sem a pressão dos movimentos sociais
Ato Contra o Leilão de Libra - FOTO DE Nando Neves - CUT RJ (12)Conforme previsto, o consórcio formado pelas chinesas CNPC e CNOOC, pela anglo-holandesa Shell, pela francesa Total e pela Petrobrás* venceu o leilão do campo de Libra, localizado na Bacia de Campos, na tarde desta segunda-feira (21), no Rio de Janeiro.
Na divisão, a Petrobrás terá 40% e também atuará como operadora. A Shell e a Total ficam com 20% cada, enquanto as duas chinesas terão 10%. Para isso, o grupo terá de pagar R$ 15 bilhões de bônus para explorar a área pelos próximos 35 anos.
Para o presidente da CUT, Vagner Freitas, o leilão foi um equívoco. Porém, entre os cenários possíveis, o resultado foi o menos prejudicial.
“O Brasil não deveria ter feito o leilão de Libra. A Petrobrás deveria explorar 100% do nosso petróleo. Essa é a posição da CUT e da FUP (Federação Única dos Petroleiros). Mas, mesmo não sendo o que a gente defendia, o resultado foi o menos pior, pois garante o controle nacional tanto da extração quanto da exploração e 40% do lucro", explica.
Vagner ressalta ainda a importância da mobilização comandada pela FUP para impedir que nem mesmo esse percentual de petróleo ficasse em território brasileiro.
Coordenador da Federação, João Antônio Moraes, acredita que ainda é possível lutar contra o resultado na Justiça. “Veremos agora quais passos teremos que dar para lutar contra o resultado no campo Jurídico e manteremos nossa luta para continuar conscientizando a população sobre o prejuízo de 60% das reservas de Libra estarem em mãos estrangeiras”, criticou.
Moraes comenta que a entrada de empresas transnacionais não ajudam a economia brasileira, porque o investimento não é feito aqui. “A Shell, grande vencedora do consórcio, fará o que tem feito até agora: não vai comprar navios brasileiros, não vai investir em petroquímica ou no refino e ainda precarizará as relações de trabalho, como já faz, com a contratação praticamente total de terceirizados para fazer um trabalho que deveria ser responsabilidade da própria empresa, colocando em risco também meio ambiente e comunidades”, explica.
Para o dirigente, mesmo a manutenção da produção nas mãos da Petrobrás não representa uma vitória. “Na teoria, a Petrobrás será responsável pela produção. Na prática, porém, 60% do controle estão em mãos estrangeiras. Portanto, a lógica de extração, produção e investimento será estrangeira.”
Entenda o caso – A licitação foi a primeira na era do pré-sal e inaugurou um modelo de partilha em contraposição ao processo de concessão que antes era praticado no país. De acordo com o novo sistema, aprovado em 2010 pelo ex-presidente Lula para substituir o regime de Fernando Henrique Cardoso, as empresas não têm mais propriedade do petróleo e do gás extraídos. A posse cabe à União, que recebe da empresa vencedora parte da produção, já sem custos. No caso de Libra, no máximo 41,65% do lucro em óleo ficam no país.
Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o campo tem capacidade de produção entre 12 e 15 bilhões de barris de petróleo, o equivalente a toda a reserva nacional – em torno de 14 bilhões – e renderia mais de dois trilhões de dólares ao país.
Greve continua – Mesmo com o fim do leilão, a greve dos petroleiros, que começou no último dia 16, continua como parte da campanha salarial que exige melhores condições de trabalho e o arquivamento do Projeto de Lei 4330 da terceirização, que tramita no Congresso Nacional.
* A CUT grafa Petrobrás, com acento, em repúdio à tentativa de mudança de nome da estatal pelas mãos do ex-presidente FHC, em 2000. Ele queria transformar a empresa em Petrobrax para tornar o nome mais palatável e vender ao capital estrangeiro um dos maiores patrimônios brasileiros. Graças à mobilização da classe trabalhadora e ao fim do governo tucano, felizmente, só perdermos o acento.
Leia mais Guilherme Estrella, descobridor do pré-sal: “Leiloar Libra é grave erro estratégico”
Tem mais soldados do exército pra garantir leilão de Libra que manifestantes protestando
Para FUP, governo brasileiro erra ao não considerar petróleo estratégico para as próximas décadas
TV Cut: Programa mostra que os leilões trarão riscos à soberania nacional e à classe trabalhadora
Sabrina Lorenzi: Uso do poder estatal em Libra será teste para futuros leilões
FUP explica porque é contra o leilão do maior campo de petróleo já descoberto: Libra
Com Seminário, CUT reforça campanha pela suspensão do leilão de Libra
A carta aberta dos petroleiros aos presidentes e à população
Melhor e mais justo debate o Leilão do Pré-Sal
Denúncia: FUP: Cerca de 200 petroleiros são mantidos em cárcere privado na Bacia de Campos
Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás: leiloar Libra vai na contramão da lei da partilha
GABRIELLI E LIBRA: MAIS PARA FHC QUE PARA LULA
Movimento sindical deve cobrar suspensão do leilão de Libra, diz Gabrielli
Outro lado: Wladimir Pomar Pré-Sal: Ficção e Realidade
Bob Fernandes: Quanto vale o pré-sal?
FUP: Se por lei Libra pode ficar com a Petrobras, por que o Leilão???????
Carlos Lopes: A burla à lei para entregar o pré-sal de Libra às múltis
Dilma conseguiu dar visibilidade a Eduardo Campos na Hora do Povo. Parabéns!
Stedile: Dilma, não entregue nosso pré-sal para empresas estrangeiras
Recordando: Carta de 88 organizações à presidenta carta pedindo suspensão do leilão do pré-sal
O PETRÓLEO É NOSSO! Pela Suspensão Imediata do Leilão do Campo de Libra do Pré-Sal! Assine!
Juan Barahona: “Privatizações e concessões são câncer neoliberal a ser extirpado em Honduras”
Heitor Scalambrini Costa: A entrega do Campo de Libra
SP: Movimentos ocuparão Avenida Paulista nesta quinta (3) para barrar o leilão de Libra