E depois foi o governo do 'apedeuta' e é o da 'terrorista', ou são os 'petralhas' e os 'blogueiros sujos', que querem censurar as comunicações no país.
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Por Altamiro Borges, em seu blog
1/09/2012
O Portal Imprensa publicou ontem entrevista com o jornalista André Caramante, da Folha, que há dois meses recebe ameaças por ter escrito uma matéria sobre o policial Paulo Telhada, ex-comandante da Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) e hoje candidato pelo PSDB a vereador na capital paulista. No texto, publicado em 14 de julho, Caramante denunciou o fato do policial usar seu perfil pessoal no Facebook para incitar a violência contra supostos bandidos, rotulados por ele de “vagabundos”.
Após a publicação da denúncia, o repórter passou a receber mensagens de seguidores do ex-chefe da Rota com ameaças contra ele e a sua família. Na semana passada, o caso ficou ainda mais grave. Um sítio ligado a policiais militares divulgou uma foto de Sérgio Dávila, editor-executivo da Folha, confundindo-a com a do repórter ameaçado. “Agora que o rosto do André Caramante é conhecido, torço para que nenhum maluco resolva fazer justiça com as próprias mãos”, afirma o texto num tom enigmático.
"De olho nesse defensor de vagabundos"
Para Caramante, este clima de terror “está relacionado à cobertura da segurança pública de São Paulo na qual atuo há 13 anos. No mês de junho, o estado passou a enfrentar uma crise quando vários policiais militares de folga foram assassinados pelo grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC)... Em um determinado momento, resolvemos fazer um texto para falar sobre a página pessoal do ex-comandante da Rota, Paulo Telhada. Ele chamava os suspeitos de vagabundos e dizia que eles tinham que morrer mesmo”.
Após a publicação da matéria, afirma Caramante, o policial “fez uma postagem na página pessoal dele no Facebook e muitas pessoas fizeram eco naquilo que ele havia falado/escrito e fizeram os mais variados comentários: ‘Ah, bala nesses vagabundos mesmo e quem defende vagabundo também’. ‘De olho nesse André Caramante porque ele é defensor de vagabundo’... Depois disso, houve um monte de comentários na internet, não só no Facebook, dizendo que a Folha encampa algo contra a Polícia Militar de São Paulo”.
Jornal tucano devia acionar o Serra
André Caramante já recebeu a solidariedade do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, que enviou ofício ao governo estadual exigindo providências urgentes contra as ameaças. Ele também afirma contar com o apoio da direção da Folha e garante que não vai recuar no seu trabalho investigativo. “Este é um tipo de intimidação que eles tentam fazer para que não cumpramos nossa função de informar”. Seria o caso da direção da Folha, tão próxima ao ninho tucano, também acionar a direção do PSDB em São Paulo.
Afinal, o policial Paulo Telhada não é um personagem qualquer. Coronel reformado da Polícia Militar, ele comandou a temida Rota por vários anos. Foi nomeado pelo ex-governador José Serra, agora candidato à prefeitura. Em seu perfil no facebook, ele não esconde suas ideias. Posta fotos de caveiras com o uniforme da Rota e critica as entidades de direitos humanos. “Não sou obrigado a gostar de ladrão, o cara que está fora de lei não merece consideração nenhuma da sociedade”, afirmou recentemente ao portal Terra.
Fidelidade ao candidato do PSDB
Com esta postura truculenta, ele decidiu se candidatar a vereador pelo PSDB. Seu slogan de campanha é “uma nova Rota na política de São Paulo”. Ao portal Terra, ele explicou que a sua decisão de ingressar na política decorreu de um voto de lealdade ao tucano José Serra, que o nomeou comandante da Rota. “Ética é você apoiar quem te apoia e ajudar quem te ajuda. Acho o Serra uma pessoa muito preparada para a Prefeitura”, afirmou ao sítio. A Folha até que poderia procurar o tucano para pedir proteção ao repórter.