Será que Paulo Hibernando leu hoje o Janio de Freitas?
É muito maior____________ Publicidade // //Janio de Freitas, Folha
NÃO SÓ INDEVIDA
A Anatel, Agência Nacional de Telecomunicações, existe sobretudo para não esquecermos as ordinarices na privatização da telefonia. A agência facilita e protege as ordinarices das teles. Foi louvada em muitos artigos a penalidade que a Anatel aplicou à Oi: não cobrar telefonemas de aparelhos públicos, até fim de outubro, em 2.020 municípios. A causa foi o não cumprimento do Plano de Revitalização da Telefonia Pública.
Eis a penalidade verdadeira: a Oi ficou obrigada a não cobrar os serviços que não se interessa por cobrar. Com a vulgarização do celular, o custo de reposição dos aparelhos públicos quebrados, quase sempre por vandalismo, tornou-se desinteressante.
Manchete de primeira página do "Globo" de ontem: "Telefonia em xeque - Queixas contra operadoras de celular somam 843 mil" (neste ano). No subtítulo: segundo a Anatel, "42% das reclamações são de cobrança indevida". Mas cobrança indevida sistemática é uma forma de trapaça equivalente a furto e estelionato. Na quantidade em que chegam a justificar a trabalheira da queixa, as cobranças não deixam dúvida de como são vistas nas empresas. E na Anatel.
Outro exemplo. Telefones, em determinada rua do Rio, deixam de funcionar de repente. O pedido de reparo tem a mais debochada recepção: o cliente quer reclamar do mau serviço e é obrigado a ouvir anúncio de outras pretensas atividades vendidas pela Oi. Como o prazo regulamentar para reparo é de 24 horas, afinal informa-se que estará feito até o dia seguinte.
Se alguém na Anatel tiver curiosidade, pode buscar na Oi a gravação nº 22.121.128.208.244. A senha é assim longa para o cliente, que nem a espera, desistir de anotá-la. Não adianta mesmo. Os telefones do caso aguardam há sete dias o reparo nas tais 24 horas fixadas pela Anatel. Mas os dirigentes da Oi não aguardam nada para continuar engolfando cobranças indevidas, com outras telefônicas.