Veja diz que Cachoeira afirmou ser o Garganta Profunda do PT. Ignorando este lado Pornográfico de cinema japonês de Veja, logo que a revista às margens do esgoto do Tietê soltou esta piada pensei com meus botões: Cachoeira, aquele que na grande mídia era empresário, depois virou 'contraventor' e parece que mesmo condenado há mais de duas décadas de prisão (sempre terá um juiz a postos pra soltá-lo rapidamente) nunca será tratado como quadrilheiro chefe do crime organizado. Pensei, Cachoeira, aquele que é amigo pessoal do mosqueteiro da ética da Veja, biografado por Magnoli e cassado por seus pares tal era o nível de envolvimento do ex-senador do Dem, Demósteness Torres, nas maracutaias do jogo do bicho e caça-niqueis de Cachoeira. Cachoeira, aquele que indicava pessoas para ocupar lugar no governo de se amigo pessoal, o governador de Goiás Perillo, do PSDB. Cachoeira como era camarada do governador fazia uso da polícia do estado para tocar os seus negócios!
Mas ninguém pode negar: o subjornalismo ficcional de Veja é muito criativo, consegue transformar um bandido que comanda o demotucanato do Planalto Central via redação de uma revista de esgoto em 'petista'!!!!! E pasmem, o PT não diz nada, pior, o PT retirou do relatório final da CPI Cachoeira o nome de Policarpo, o editor da Veja, amigo de Cachoeira e seu fiel pauteiro, e também o nome de outro amigo pessoal de Cachoeira, o governador tucano, Perillo. O STF também muito bonzinho já livrou a cara de outro amigo pessoal de Cachoeira, o ator deputado do PPS Stepan Nercessian, que recebeu 175 mil do bicheiro.
E já que no STF, durante o julgamento da AP470, vulgo mensalão, se inaugurou a inversão da velha máxima que reza a Constituição de "quem acusa tem de provar, tem de apresentar o ônus da prova", esta moda de verão de que fala Janio de Freitas no artigo abaixo vai ser um sucesso.
Pena que entre os pequenos como esta humilde blogueira essa velha máxima do STF não funcione, aliás pra qualquer processo dos sem Justiça chegar aos STF já seria um milagre. Eu de fato sofri assédio moral, mas apesar de ter testemunhas não tenho como provar, porque nenhuma irá se expor sob o risco de retaliações. Se a tal moda não valesse apenas para pretos, putas e petistas e professores eu conseguiria obter Justiça, mesmo que às avessas.
___________ Publicidade // //Moda de verão
Por: Janio de Freitas, Folha de São Paulo
16/12/ 2012
Na omissão dos especialistas, a PPP lança a moda verão: a delação premiada
AINDA BEM que há pessoas de iniciativa (com o seu perdão pelo mal gosto vocabular, suponho ser o que agora chamam de empreendedorismo). O verão está aí há semanas, e nada das coisas esperadas -o lançamento da moda verão, a indicação da "garota da praia", o sorvete da temporada, nada. Nem precisaria dizer que a culpa é do José Dirceu ou do José Sarney, claro. Ou, como dizem no Supremo, "só pode ser".
Na omissão dos especialistas, a PPP, ou Parceria Público-Privada, assume a iniciativa e lança a moda verão: a delação premiada. Com os respectivos estilos de Marcos Valério, Carlos Augusto Ramos, notabilizado como Carlinhos Cachoeira, e Paulo Vieira.
Ouvi na CBN, de relance, que sua especialista prevê para este verão a moda masculina de bermudões tipo surf e óculos espelhados. Duvido um pouco que os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello, por exemplo, ficassem bem de bermudão surfista e óculos espelhados. Já a moda verão daqueles três não é para uso dos ministros, mas com toda a certeza a observarão com muito prazer.
Trata-se de um estilo descontraído, alheio a toda regra, praticado para ver o que é que dá. Não tem originalidade alguma, é conhecido em muitas modalidades. Dizem até que na imprensa não são muito raros uns especialistas em inventar notícias e ver no que dá a publicação, se pega ou não dá nada. Se não pegar, também não dá nada de ruim para o criador, e muitas vezes lhe dá até ascensão como jornalista. Dizem isso, não sei, que esse negócio de imprensa tem muitas esquisitices.
Sobre o modismo, que logo terá mais adeptos vindos da Operação Porto Seguro, como é Paulo Vieira, a criatividade já começa nos próprios estilistas. Carlinhos Cachoeira, nesse sentido, é especial. A frase em que se disse "o Garganta Profunda do PT" foi tomada pelos meios de comunicação como "advertência ao PT". Deve ser também, mas não só. Há mais uma prova de que Carlinhos Cachoeira se armou de gravações a granel. É o que se comprova, outra vez, na encontrada gravação de suas negociações com o prefeito petista de Palmas, no Tocantins, para contratação da empreiteira Delta.
Mas Carlinhos Cachoeira não fez negociações só com o PT, nem só em nome da Delta. O PSDB estava em sua área de negócios concretizados, como é sabido. O mesmo quanto a Estados onde PMDB e PSB são governo e a empreiteira Delta teve ou tem contratos.
Mais ainda: suas gravações não se restringem a tais situações. É certo que Carlinhos Cachoeira se documentou também com gravações de conversas, feitas para isso mesmo ou não, dos que usavam os aparelhos Nextel por ele presenteados. Nem interlocutores do Judiciário escaparam.
Diante disso, surge uma interrogação. Com diferentes procedências, há nítido esforço de concentrar em Carlinhos Cachoeira os ônus que deveriam estender-se a outros. É o que se passa na CPI, em que mesmo os partidos que a acusam de desvio estão mistificando. É ainda o que se constata nas liberações, anteriores ou recentes, do apurado nas investigações e nos processos. O que se repete, agora, com a denúncia judicial do prefeito Raul Filho, de Palmas, de sua mulher e de Carlos Cachoeira.
Por que isso? Os adversários do governador Sérgio Cabral dizem que a proteção à Delta é para protegê-lo. Seria pouco para cerco protetor tão extenso e rígido à empreiteira e a seus dirigentes comprometidos com negócios sabidamente viciados. E não é só a Delta.
Na história em torno de Carlinhos Cachoeira, o não divulgado é maior do que o já conhecido. E sua comparação com o Garganta Profunda do Watergate, tudo indica, não se dirige só ao PT. Se também lança a moda da delação, espera-se que a use. Por inteiro.