Dilma poderia propor a federalização das polícias, quem sabe assim a sociedade brasileira finalmente conseguiria ter Segurança Pública ao invés de uma polícia militarizada com vícios terríveis do regime de exceção.
O governo federal poderia, por exemplo, usar os bilionários recursos que o governo do estado de São Paulo tem disponíveis na Secretaria da Segurança, mas que não investe na formação de uma polícia que verdadeiramente cuide de nossa segurança pública, que seja melhor paga e melhor preparada. Finalmente, com uma polícia federalizada a polícia científica poderia ter condições de fazer o seu trabalho e debelar o crime organizado. A Polícia Federal, por exemplo, é infinitamente mais eficiente que as polícias civis.
JUIZ GILMAR MENDES E SUA CAPA PRETAGilmar ataca a Dilma e culpa o governo pela violência em São Paulo
Por Davis Sena Filho — Blog Palavra Livre
Gilmar Mendes apareceu em São Paulo na sexta-feira, dia 09/11, e, novamente, deu a senha para a direita partidária, judiciária e midiática acusar o Governo Federal, administrado por uma presidente trabalhista, ser considerado o principal culpado, se não for o único, pela violência, e, por conseguinte, pelo banho de sangue que a acontece na capital e no Estado de São Paulo. Não importa, porém, a essa gente se os tucanos do PSDB controlam o estado desde 1995, quando Mário Covas assumiu a cadeira de governador no Palácio dos Bandeirantes.Trio neoliberal governa São Paulo como governou o Brasil: privatizações e violência.Não é a primeira vez e nem vai ser a última que Gilmar Mendes vai agir dessa forma, a acender o pavio de dinamite e criar outra crise institucional (artificial) para dar fôlego à oposição política da qual ele faz parte e com isso criar confusão na rotina do País. Afinal, vai estar em jogo as eleições de 2014 para presidente da República e também para governador de São Paulo, e o juiz que jamais se cala e não mede consequências para concretizar seus desejos sabe muito bem que a direita brasileira não tem os votos necessários, por enquanto, para vencer os trabalhistas liderados pelo PT cuja figura proeminente é o ex-presidente Lula.
Portanto, é preciso jogar sujo, mentir, dissimular, distorcer os fatos e modificar as realidades que se apresentam. E, sobremaneira, os assassinatos de 90 policiais, a morte de 159 cidadãos em apenas 16 dias e os homicídios de 3.536 pessoas somente no ano de 2012, que ainda não terminou se transformaram em acontecimentos que realmente preocupam àqueles que, no decorrer de 17 anos, dominam a máquina governamental paulista, além de concebê-la de forma patrimonialista, bem como venderam o patrimônio público e, quando não o alienaram, o terceirizaram.
Dito isto, vamos relembrar outro episódio ao que eu considero a herança maldita do neoliberal FHC, o juiz Gilmar Mendes, o advogado geral da União nos tempos das privatizações. Cerca de 30 dias antes do início do julgamento da Ação Penal 470, conhecida também como “mensalão”, que apesar das condenações dos réus ainda está para ser provado, o juiz mais condestável, verborrágico e midiático dos juízes do STF, Gilmar Mendes, atacou o ex-presidente Lula e afirmou que o político mais popular da história do País e que retirou 40 milhões de pessoas da pobreza sugeriu ao vaidoso e agressivo togado de capa preta para que o julgamento do “mensalão” do PT fosse adiado.
O encontro entre os dois, a pedido de Gilmar Mendes, aconteceu no dia 26 de abril, e o juiz de direita resolveu falar à imprensa sobre o episódio cerca de um mês depois, além fazer afirmações jamais comprovadas e negadas pelo ex-ministro da Defesa, Nelson Jobim, anfitrião das duas autoridades em seu escritório de Brasília. Logo após o encontro, Gilmar deu entrevista para a revista Veja — arevista porcaria — chamada pelo ex-presidente Fernando Collor de “cafua”, onde trabalha um monte de “chumbetas”.Saliento que o órgão privado de comunicação procurado por Gilmar foi a Veja — a última flor do fáscio —, semanário useiro e vezeiro em publicar reporcagens em off, inclusive sem gravar o entrevistado, o que é um absurdo e temeridade, além de, sistematicamente, não valorizar o contraditório e não ouvir os dois lados. Realmente, efetiva-se, inapelavelmente, o verdadeiro e autêntico jornalismo de esgoto. Além disso, o juiz de capa preta resolveu abrir sua boca após um mês de ter recebido a suposta proposta de Lula. Tal silêncio tão obsequioso do inimigo do ex-presidente trabalhista foi quebrado, ora vejam só, justamente nas páginas da revista Veja — o pasquim de péssima qualidade editorial, que recentemente publicou matéria em que um sujeito oculto envolve o ex-presidente trabalhista no caso da morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel.
Gilmar concedeu dois habeas corpus a Daniel Dantas em 48 horas. Recorde mundial.
Abdelmassih: estupros e 278 anos de prisão. Gilmar Mendes o liberou e ele fugiu.Para Gilmar Mendes, o republicano Lula é um chantagista, mas, em momento algum, o juiz tão cônscio de seu cargo e de suas responsabilidades ficou tão indignado, por exemplo, com a conduta de seu aliado político cassado, o senador Demóstenes Torres, e muito menos se sentiu revoltado quando soltou o estuprador e médico Roger Abdelmassih e libertou o banqueiro Daniel Dantas, por intermédio de dois habeas corpus concedidos em 48 horas, um recorde mundial, que deveria ser reconhecido e publicado no Guinnes Book. Lula é chantagista, mas Gilmar não o denunciou, não foi ao Ministério Público, à Policia Federal ou a uma delegacia da Polícia Civil do DF e, evidentemente, fazer queixa. Não. Nada disso. O capa preta preferiu os holofotes da mídia golpista brasileira, que passou a iluminá-lo mais uma vez após ele ter dado, mais uma vez, entrevista àVeja, aquela mesma cujo principal editor e pauteiro atende pelo nome de Carlinhos Cachoeira, que no momento se encontra preso em um presídio.
A verdade é que a Imprensa que está aí associada a alguns capas pretas resultam em fome com a vontade de comer. Os abutres e a carniça. Os chacais e as hienas sempre em busca de um golpe, e, consequentemente, alimentarem suas proles reacionárias, de direita e de caráteres golpistas. Os tucanos do PSDB governam São Paulo há quase duas décadas. Administram o estado mais poderoso do Brasil como administraram o País quando assumiram a Presidência da República por oito anos. Eu quero lembrar aos mais incautos, aos que sofrem de amnésia ou simplesmente aos que não querem enxergar, que a violência e a diminuição do PIB de São Paulo em termos nacionais são o resultado de como os tucanos enxergam e tratam a sociedade.
Quando controlaram o poder federal, implementaram o neoliberalismo, que, apesar da complexidade, pode ser definido como um modelo econômico que diminui o estado, apesar do crescimento da população, e prioriza a competição entre as pessoas, sem, entretanto, relevar as diferenças sociais, no que diz respeito à igualdade de oportunidades, que somente é efetivada por meio de inúmeros programas sociais, melhoria e criação de escolas técnicas e formais, além do acesso dos filhos das classes proletárias às universidades.
Demóstenes foi cassado por se envolver com o bicheiro Cachoeira. Indignado, Gilmar?Além do mais, os tucanos não fortaleceram os bancos de fomento (atualmente, o BNDES empresta três vezes mais que o Banco Mundial — o Bird), não fortaleceram o mercado interno, e, por sua vez, não facilitaram o acesso ao crédito por parte da população e dos pequenos empresários. Além do mais, não criaram também empregos e muito menos renda e por isso não melhoraram a vida de milhões de brasileiros que viviam abaixo da linha de pobreza.
E foi exatamente o mercado interno e a conquista de novos mercados no exterior (Brics e G-20, além do Mercosul) que fizeram com que o Brasil não sentisse muito os efeitos nocivos da crise internacional iniciada em 2008, que afundou economias robustas e, indubitavelmente, levou a humanidade a pensar que o neoliberalismo é um sistema de espoliação dos países ricos e levado também à cabo por presidentes latino americanos, como o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, aquele senhor neoliberal que vendeu o Brasil e foi ao FMI três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos, porque quebrou o País três vezes e não governou para o povo e, sim, para os ricos.
São Paulo é governado e administrado — volto a repetir — da mesma forma que os políticos do PSDB governaram o Brasil de 1995 a 2003. Por isso e por causa disso, os tucanos e seus associados — DEM e PPS — não vencem eleições em termos nacionais, bem como não conseguirão tão cedo derrotar o PT e seus aliados — PSB, PMDB, PDT, PCdoB e PRB —, que, indiscutivelmente, colocaram o Brasil em um patamar econômico e de desenvolvimento social nunca visto antes. Eu poderia se quisesse publicar neste artigo os números e os índices econômicos e sociais dos governos trabalhistas e tucanos e compará-los. Mas já o fiz no meu blog Palavra Livre, bem como tais números foram publicados inclusive na imprensa corporativa e de negócios privados, conhecida também como “grande” imprensa. Todo mundo sabe disso, assim como todos sabemos que o presidente Lula é um ator político maior, mais importante e com muito mais prestígio político em âmbitos nacional e internacional do que o FHC, para o desgosto de nossa burguesia socialmente separatista e racista.
Enfim, a verdade é que em São Paulo Gilmar Mendes deu uma martelada no cravo e outra na ferradura. Apesar de ele não ter um único voto, tem a seu favor o poder de juiz de um Supremo que, além de ter o poder de julgar, quer também legislar e governar, a interferir no processo político, pois temos um Congresso que se cala e não toma as rédeas de sua própria governabilidade como Poder da República, bem como se percebe que o Poder Executivo, o Palácio do Planalto não se mobiliza para responder à altura aos ataques de gente de direita como o juiz Gilmar Mendes, que responsabilizou a governante trabalhista, Dilma Rousseff, de ser responsável pela violência que campeia em São Paulo governado pelos tucanos.
O condestável juiz sabe que não é assim que a banda toca. E daí? Proselitismo político é com ele mesmo. Ele não vai deixar os tucanos na mão, e para isso ele inverte os fatos, deturpa as propostas do Governo Federal e distorce a realidade e a verdade, mesmo sendo juiz do tribunal mais importante do País. “E daí? Vai encarar?” — diria ele. Quem manda os deputados e os senadores do PT colocarem a viola dentro do saco e por isso não defendem o Governo? Quem manda não termos um marco regulatório para o sistema midiático público e privado? Quem manda não termos uma banda larga pública, rápida e barata? Quem manda a presidenta Dilma Rousseff não reagir às palavras de um juiz que, para mim, envergonha o Judiciário brasileiro? Quem manda os juízes dos tribunais superiores não terem mandato igual aos senadores? O que o Gilmar Mendes quer? Dar um golpe? Fazer campanha para governador de São Paulo? Ele é candidato a senador ou a deputado? O ano de 2014 está chegando e Gilmar vai continuar a ser o mesmo e com a cumplicidade da mídia. É isso aí.
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