Famílias dormem no chão em igreja, pertences são retirados sem inventário e órgãos públicos não informam sobre feridos e mortes
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Na noite deste domingo, dia 22, cerca de 1 mil moradores do Pinheirinho se refugiaram na igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Colonial. As famílias saíram do Centro Poliesportivo, onde a Prefeitura iniciou a triagem, após serem atacadas com bombas pela PM. Porém, mesmo depois de chegarem ao pátio da igreja e sem haver mais qualquer conflito, a polícia atirou bombas de gás. O padre Ronildo Rosa abriu, então, as portas da igreja, onde as famílias passaram a noite, no chão e bancos da paróquia. Os moradores continuam no local nesta segunda-feira.
Os demais centros para onde a Prefeitura enviou uma pequena parte de moradores também são precários e as pessoas seguem sem informação e orientação da Prefeitura.
A situação dos pertences das famílias é outro alvo de descaso e irregularidades. Diante da violência da desocupação, a maioria das pessoas saíram com a roupa do corpo, deixando tudo para trás. Sem inventário como manda a lei, as famílias denunciam que a Prefeitura está retirando coisas das casas sem acompanhamento dos moradores, que ainda não foram liberados para buscar seus pertences. Há informação também que os bens serão enviados para galpões fora do município, dificultando ainda mais o acesso das pessoas despejadas do Pinheirinho.
“Confirmou-se o que se alertava sobre a irresponsabilidade da ação ordenada pelos governos do PSDB: o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Eduardo Cury despejaram milhares de famílias das suas casas e não se preocuparam em garantir condições dignas para abrigar e realocar essas pessoas”, denuncia o diretor do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha.
Mortos e feridos Outro problema que está ocorrendo é sobre informações de mortos e feridos. Os moradores denunciam casos de pessoas, inclusive crianças, feridas gravemente e até mortes. Contudo, a orientação da PM e da Prefeitura é negar as informações. No Hospital Municipal e postos de saúde ninguém comenta ou informa nada. Confrontos voltaram a acontecer nos bairros vizinho ao Pinheirinho nesta segunda.
“Enquanto a cidade está um caos, não se tem notícia do prefeito Eduardo Cury, que não é visto ou dá entrevista há cerca de dez dias. É uma covardia e uma omissão criminosas”, critica Mancha.