Hoje o neoCansei de São Paulo que queria pôr um milhão de pessoas na Paulista e não reuniu nem 500 pessoas me lembrou o Cansei de 2007, escrevi este post aqui e este aqui. Daí o @gustavolucena lembrou de um texto do Flávio Gomes, reproduzido abaixo, vale reler.
Vi também que em Brasília, diferentemente dos neocansados paulistanos, os meninos sabem que o combate à corrupção deve ser feito em todas as instâncias governamentais: as faixas de protesto contra a família Roriz, contra Ricardo Teixeira e outros mostram isso.
Aí soube que o Álvaro Dias se juntou aos manifestantes em Brasília. Tinha alguma esperança de que sua presença fosse em apoio à presidenta Dilma e suas ações de combate à corrupção que vem demitindo todos os envolvidos em escândalos de corrupção, afinal Álvaro Dias teve todos os seus secretários da Saúde envolvidos em escândalos de corrupção dos mais terríveis, os que roubam dinheiro da saúde pública:
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Perguntei ao médico Mário Lobato:
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E ele me respondeu:
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"Um movimento de ricos paulistanos, aproveitando o acidente da TAM para fazer política."
Também canseiPor Flávio Gomes, em seu blog16/08/2007
SÃO PAULO (cada vez pior) – Gozada essa manifestação batizada de “Cansei”, promovida esta tarde em São Paulo pela OAB e capitaneada pelo libertário João Dória Jr. Quando vi o anúncio no jornal com as fotos de Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Regina Duarte e Ana Maria Braga, expressões máximas do nosso pensamento pós-moderno, pilares da moralidade, arautas (existem “arautas”?) da ordem e do progresso neo-liberal, imaginei bem no que poderia dar.
Essas pessoas se cansaram só agora? Por quê, exatamente? Porque têm enfrentado filas na Ponte Aérea? Saudades dos tempos em que ninguém, só eles (e elas) tinham grana para andar de avião? Porque tem mais gente comprando carros novos? Porque os americanos não conseguem pagar suas hipotecas e por isso seus fundos de investimento estão rendendo menos? Porque com o dólar a dois mangos mais gente está podendo passar as férias em Miami? Porque não podem mais andar a 120 km/h na Marginal que a “indústria das multas”, oh, ousadia!, multa eles também? Porque não tem mais esquema no Detran? Porque a Polícia Federal coloca em cana gente parecida com eles? Porque fecharam os bingos? Porque a dona da Daslu, pobrezinha, está sendo processada só porque não paga impostos? Porque tem gente no ponto de ônibus com celulares iguais aos seus? Porque está difícil chegar a Maresias por causa do trânsito? Porque tem gente na fila para pagar para aparecer no Amaury Jr.?
Cansaram do quê, exatamente? Ah, não vale usar o trio “mensalão-dólares na cueca-Land Rover do amigo do Lula”. Nem acusar o presidente pela morte de 200 pessoas no acidente da coitada da TAM, outra pobrezinha, que sempre apoiou, financiou e patrocinou seus filmes, shows, peças e programas de TV. É o discurso dos leitores da “Veja”. Desse, cansei eu.
Mas continuemos. Cansaram de Congonhas? Só agora? Puxa, um aeroporto que tem 70 anos… Por que não demonstraram seu cansaço quando o Maluf, amigo da Hebe, resolveu construir Cumbica (“nuvem baixa”, em tupi-guarani) em vez de fazer o trem até Viracopos? Por que não demonstraram cansaço quando desabou o buraco do metrô cujas obras saíram do controle do Estado e passaram para a infalível iniciativa privada? Por que não demonstraram cansaço quando o outro presidente comprou os votos para sua reeleição? Por que não demonstraram cansaço quando o mesmo presidente salvou meia-dúzia de bancos com nosso dinheiro? Estão cansados de quê? De pagar impostos? Por que não transferem suas firmas para a cidade onde trabalham, em vez de correrem atrás de endereços-fantasma onde o ISS é mais baixo? Por que não exigem receber seus salários milionários pela CLT? Porque teriam 27,5% retidos na fonte?
Acho que entendo do que eles estão cansados. Estão cansados de ter de pagar 500 reais para a empregada, estão cansados de ter de indexar o salário delas ao salário mínimo, que só sobe, oh, tristeza!, estão cansados de pagar um IPVA tão alto para seus carrões. Isso tudo, de fato cansa.
Aos cansados, duas sugestões: este blog e este texto no UOL assinado por Rodrigo Bertolotto (que foi meu trainée na “Folha”; deixei bons súditos).
E descansem em paz, porque vou para casa.