Valor: prioridades políticas- "defender Palocci; e pacificar a relação da presidente Dilma com os aliados."

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Para mim o que a notícia abaixo tem de mais importante é isso aqui:

"O Palácio do Planalto reconhece, inclusive, que foi um equívoco fazer do Código um tema de governo, subestimando a força dos ruralistas e o interesse da sociedade pelo assunto."

Ao menos o governo reconhece a burrada, mas vem cá força dos ruralistas? Se não fosse a própria bancada petista, do PCdoB  e da tal base aliada, ruralista teria força? Ou no Congresso a bancada ruralista tem 410 deputados?

Mas o que me parece bem preocupante são as prioridades políticas do governo Dilma, segundo a matéria abaixo: "defender Palocci; e pacificar a relação da presidente Dilma com os aliados."

Com aliados (e petistas e pcdob) desses que votam contra o governo a favor de ruralistas, que acossam a presidenta sem descanso exigindo que a presidenta se envolva em questões de Secretarias e passe por cima de Ministérios, estamos feitos, hein? O que mais precisa ceder pra esses 'aliados' chantagistas?

Atuação de Lula na crise desagrada Dilma

Por: Claudia Safatle e Cristiano Romero, Brasília

Valor Econômico, via Clipping Planejamento

31/05/2011

Governo: Segundo assessores, presidente não pediu para seu antecessor se reunir com aliados em Brasília

A presidente Dilma Roussef só substituirá o ministro chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, se houver prova concreta de que ele usou práticas ilícitas para multiplicar seu patrimônio. Na sexta feira, Palocci enviou as explicações sobre o faturamento de sua empresa de consultoria ao Procurador-Geral da República, Roberto Gurgel. O Palácio do Planalto vai aguardar a avaliação do procurador sobre os argumentos do ministro. "Vamos esperar uns dias", comentou um assessor da presidente. Dilma gosta de Palocci, acha que ele merece um voto de confiança e não vai tomar providências açodadas, atendendo às pressões políticas.

A atuação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para conter a deterioração do quadro político, na semana passada, foi ruim para Dilma, na avaliação de assessores próximos. O ex-presidente desembarcou em Brasília onde ficou por dois dias. Primeiro, teve reunião com toda a bancada do PT no Senado, depois, na casa do presidente do Senado, José Sarney, reuniu-se com parlamentares aliados.

Dilma fala frequentemente com Lula, mas, segundo informações de um ministro, ela não pediu a intervenção do ex-presidente para contornar o conflito político armado não só pelas suspeitas sobre Palocci, mas também pela enorme insatisfação das lideranças da base aliada com o tratamento recebido do governo até agora. Avalia-se, no Palácio do Planalto, que o próprio Lula não teve a dimensão do que significaria aquele encontro na casa de Sarney. "Foi um exagero", comentou graduada fonte oficial.

A crise que abalou o governo nos últimos quinze dias forçou a presidente a rever a estratégia da articulação política, duramente criticada pelos aliados, e a retomar a iniciativa na administração..

Dilma vai, a partir de agora, intensificar os contatos com as lideranças do governo no Congresso. Ontem, Palocci esteve com Michel Temer, numa preparação do jantar do vice-presidente, ontem mesmo, com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), e outras lideranças do PMDB. A conversa de Palocci com Temer serviu, também, como uma prévia da reunião de Dilma com expoentes do PMDB amanhã.

Hoje, a presidente se reúne com 12 governadores dos Estados da Copa do Mundo. Os prefeitos das cidades que serão sedes dos jogos também participarão do encontro. Amanhã, terá um almoço com senadores do PMDB e reunião com o Conselho Político, com a presença dos presidentes dos partidos que apoiam o governo. Ela vai antecipar ao Conselho as medidas do programa Brasil sem Miséria, que será anunciado na quinta-feira. "É a primeira vez que ela antecipa medidas do governo aos aliados", contou uma fonte.

A derrota do governo no Código Florestal e o desgaste na relação com o PMDB mostraram que a coordenação política, tal como está, não funciona. "O governo vai ter que corrigir isso", admitiu um assessor graduado. Há suspeitas sobre o que vai mal na coordenação, que envolve dois ministros (Palocci e Luiz Sérgio, das Relações Institucionais), os líderes na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), além dos líderes do PT na Câmara e no Senado - Paulo Teixeira (SP) e Humberto Costa (PE) - e do líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

Segundo as avaliações do governo, Vaccarezza e Teixeira são rivais dentro do PT e não se entendem; Eduardo Alves está mais preocupado com sua eleição para a presidência da Câmara; Jucá é visto como alguém que às vezes joga pelo governo, outras vezes pelo PMDB.

Outra constatação da assessoria da presidente é de que foi um erro misturar, na semana passada, o caso Palocci com a votação do Código florestal, as relações ruins com o PMDB e, ainda por cima, deixar que as dúvidas sobre o estado de saúde de Dilma atormentassem os mercados e os aliados. "Vamos tratar de cada um dos assuntos de forma separada", afirmou a autoridade.

No momento, as duas prioridades políticas do governo são: defender Palocci; e pacificar a relação da presidente Dilma com os aliados. Faz parte dessa estratégia, por exemplo, adiar o máximo possível a votação do Código Florestal no Senado. O Palácio do Planalto reconhece, inclusive, que foi um equívoco fazer do Código um tema de governo, subestimando a força dos ruralistas e o interesse da sociedade pelo assunto.

Os PT agendou para esta semana uma reunião da Executiva em Brasília para tratar da crise política envolvendo seu principal ministro. O partido quer unidade e consistência na condução da defesa de Palocci, embora ainda haja muita convicção de que o ministro não convenceu o partido de sua inocência. Avaliam ainda petistas que, no mensalão, se houve erro, foi majoritariamente em benefício do partido, ao contrário de agora, quando o único beneficiado direto foi o próprio Palocci.

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