“Quando acabarem os surtos de narcisismo amparado só no poder bélico...” EUA devem tratar de evitar que surjam outros bins Ladens People’s Diary Online, Pequim 4/5/2011___________ Publicidade //Os EUA anunciaram na 2ª-feira que Osama bin Laden havia sido morto, anúncio que provocou grande júbilo nacional naquele país. Por mais que muitos tenham saudado o acontecimento como vitória decisiva da luta contra o terrorismo, o assassinato de bin Laden não pode ser visto como evento decisivo.
Já há vários anos bin Laden deixara de ser líder supremo da Al-Qaeda. Por mais que se queira fazer dele uma espécie de símbolo do extremismo anti-Ocidente, é impossível erradicar o espírito de ódio ao Ocidente apenas com a eliminação física de um homem. Por mais que celebre a morte de bin Laden, o Ocidente não deve exagerar o significado dessa morte. Falta andar ainda um longo caminho, antes que se possa dar por eliminados do planeta o terrorismo e o extremismo.
O mundo, sobretudo os EUA, devem refletir atentamente sobre o fenômeno bin Laden. Por que bin Laden chegou a ter tanta influência? Os EUA ainda não demonstraram ter aplicado suficiente energia para responder essa e outras questões de fundo. O presidente Obama disse que “O fato mais uma vez nos lembra que quando os EUA decidem fazer alguma coisa, nós fazemos”. Em vez de protestos de autoafirmação, os EUA bem fariam se se dedicassem a enfrentar seus outros problemas, maiores e muito mais graves.
O Ocidente é o berço da democracia moderna. Mas como é injusto, em tantos aspectos, o mundo modelado à imagem do Ocidente! Ao longo da última década de combate contra o terrorismo, o mundo não viu qualquer providência ou medida, tomada pelos EUA, e que visasse efetivamente a eliminar aquelas injustiças fundamentais.
A Guerra ao Terror lançada pelos EUA foi bastante bem sucedida. Mas os EUA não alcançaram plena vitória. Mais importante: as guerras no Afeganistão e no Iraque não conseguiram criar regimes estáveis naqueles países. De fato, a guerra ao terrorismo provocou um enfraquecimento do poder diplomático e político dos EUA.
É de estranhar-se que os EUA tenham consumido dez anos à procura de bin Laden, sem encontrá-lo, considerados os modernos recursos da tecnologia. Enquanto celebram, as autoridades dos EUA deveriam refletir sobre esses dez anos, buscando atitude mais realista. O que explica que uma pequena vitória, que deveria ter acontecido muito antes e exigiu dez anos de trabalho, seja apresentada como “grande vitória”?
Nos anos recentes, todos os países melhoraram seus respectivos aparelhos de segurança nacional. Os EUA obtiveram paz temporária, pela qual pagaram preço altíssimo. Mas ninguém sente que o terrorismo tenha sido erradicado: todos continuam a temer que ataque outra vez, em qualquer lugar, a qualquer momento.
Para eliminar o ódio que exista num determinado país, é indispensável que se faça justiça social. Os EUA melhor fariam se não se rendessem a surtos de narcisismo amparados só no poder bélico, apenas porque bin Laden está morto. Ou continuarão a adubar o solo de onde nascerão outros bin Ladens.
Quando a festa acabar, os EUA que acertem o foco e dediquem-se a resolver suas dificuldades verdadeiras, de longo prazo e mais graves.
EUA devem tratar de evitar que surjam outros bins Ladens
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