Escrito en
BLOGS
el
Wikileaks: Colômbia, opção dos EUA para manter ingerência na zona
La Jornada, Tradução: Victor Farinelli21/03/2011
Cables indicam que Bogotá realizava operações secretas na Venezuela para capturar o chefe das FARC Álvaro Uribe planejou pactos bilaterais para não ter que passar pelo Congresso, revelam cables. Washington considerava a Costa Rica um lugar onde há “águas negras por todos os lados” e qualificou o chanceler paraguaio Héctor Lacognata de 'oportunista'Um homem enfrenta os policías de Virginia, os quais se aproximam das pessoas que se manifestaram ontem contra o duro trato ao qual é submetido o ex soldado Bradley Manning, suspeito de proporcionar informação classificada à Wikileaks. Foto Ap
Bogotá, 20 de março. Estados Unidos sempre tiveram a Colômbia como alternativa principal para exercer o controle perdido na base equatoriana de Manta, revelaram os novos cables de Wikileaks, segundo os quais, a inteligência militar colombiana realizava operações em segredo dentro de Venezuela para capturar a chefes das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC), o que comprova a ingerência estadunidense na região.Segundo o diário colombiano El Espectador, os Estados Unidos sempre consideraram a Colômbia como a melhor opção para não perder o controle que possuia na região após o fechamento da base equatoriana de Manta. Em sua edição digital, o jornal revela que, para o aparelhamento das forças estadunidenses na Colômbia, o governo do então presidente Álvaro Uribe (2002- 2010) pediu que se estabelecessem pactos bilaterais. “Desde que o governo do Equador anunciou que a base de Manta já não seria uma unidade militar controlada pelos Estados Unidos, ficou claro que a alternativa era a Colômbia”, sustentou o diário, de acordo com Wikileaks, e assegurou que Uribe “sempre recalcou que qualquer acordo de segurança com Washington deveria ser definido dentro de pactos bilaterais vigentes, para que não tivessem que passar pelo Congresso”. “Cooperação, não escalada militar” Segundo Wikileaks, Uribe não só buscava evitar o trâmite parlamentar “senão que também ´vender´ o acordo à opinião pública e à região como uma simples extensão da cooperação e não como uma escalada militar dos Estados Unidos na Colômbia”. El Espectador recordou que o convênio de cooperação militar entre Colômbia e Estados Unidos se firmou em outubro de 2009, e nele foram autorizadas sete bases militares, para facilitar o acordo, o que logo foi invalidado pela Corte. Lembrou também que tal acordo gerou mal estar em vários governos do continente, entre eles a Venezuela, que o considerou um pretexto de Washington para usar a Colômbia para espionar os países que não comungavam com suas políticas. Outro dos cables filtrados por Wikileaks revelou que o exército colombiano manteve uma companhia secreta de cem homens no estado venezuelano de Zulia, para buscar o chefe das FARC, Iván Martínez. Segunde esse cable diplomático estadunidense de 2005, publicado pela revista Semana, a inteligência militar colombiana realizava operações encobertas dentro da Venezuela para capturar ao integrante do secretariado geral das FARC. O cable menciona que a inteligência militar colombiana havia “combinado com a polícia e com os militares do país vizinho a captura e a entrega de mais de 30 membros das FARC e do ELN (Exército de Libertação Nacional), pois, segundo as autoridades, vários chefes de ambos os grupos se moviam na fronteira e inclusive se escondiam na Venezuela com alguma frequência. Semana recordou o assassinato de dois militares colombianos, em 2007, no Lago Maracaibo, na Venezuela, “onde trabalhavam encobertos atrás das pistas do guerrilheiro Iván Martínez”, assim como a percepção da Venezuela de que“a CIA (Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos) utilizava militares colombianos para desestabilizar o governo do presidente venezuelano, Hugo Chávez”."EUA considerou improvável uma guerra entre Colômbia e Equador" Semana também revelou que os Estados Unidos descartavam uma possível guerra entre Colômbia e Equador ou Venezuela, a partir da crise gerada em 2008, quando houve uma incursão colombiana em território equatoriano para abater o então número dois das FARC, Raúl Reyes. William Brownfield, então embaixador dos Estados Unidos na Colômbia, considerou que a possibilidade de um confronto na fronteira era “extremamente remota”, segundo Wikileaks. Por outro lado, na Costa Rica, o diário local La Nación publicou a visão dos Estados Unidos sobre este país, que também foi revelada pelo sítio de Julian Assange. Segundo a embaixadora estadunidense em San José, Laurie Weitzenkorn, Costa Rica“não é um paraíso”, é um país onde há “águas negras por todos os lados”.Nos cables diplomáticos revelados por Wikileaks, se questionou sobre se o país era um “paraíso ambiental e turístico”. Em comunicado datado de setembro de 2008, o então embaixador estadunidense, Peter Cianchette, indicou que “a crescente delinquência e um sistema judicial destroçado seguem preocupando os costarriquenhos, com justa razão”, segundo La Nación, de acordo comWikileaks. Segundo outra citação diplomática publicada nesse mesmo dia,“a Costa Rica se considera atualmente uma sede diplomática ameaçada pela alta delinquência. O aumento da violência observada em delitos urbanos é uma ameaça para todos os seus visitantes”. No Paraguai, a embaixada dos Estados Unidos qualificou de oportunista o chanceler desse país, Héctor Lacognata, segundo Wikileaks. “O novo ministro das Relações Exteriores é um oportunista que muda constantemente de filiação política para favorecer os seus interesses”, expressa o cable de 29 de abril de 2009, divulgado este domingo pelo diário ABC. O informe resume que Lacognata “é uma figura polêmica com uma clara tendência à esquerda e com grande simpatia por Cuba e Venezuela”. No Panamá, o diário Panamá América revelou, com base nos cables de Wikileaks, que a embaixada dos Estados Unidos afirmou que o presidente panamenho, Ricardo Martinelli, influenciou a Corte Suprema de Justicia desse país para retirar do cargo a procuradora Ana Matilde Gómez, em fevereiro de 2010. Veja também: Os cables sobre o México em WikiLeaks Sítio especial de La Jornada sobre WikiLeaks