Neste post aqui reproduzi um vídeo do Jornal da Globo cujas câmeras de segurança de um prédio em Feira de Santana flagraram dois policiais agressores espancando um jovem negro. Mas o Jornal da Record fez uma reportagem bem mais interessante sobre o caso do adolescente que foi brutalmente espancado quando chegava ao trabalho.
Não sou policial, mas sei reconhecer um mecânico. O guri que pilotava a moto estava de macacão com a cor azul e o mesmo modelo usado em oficinas mecânicas. Não se justifica a polícia espancar ninguém em plena luz do dia, pois a escravidão já foi abolida no Brasil, mas este é mais um indício para percebermos como agem os policiais diante da juventude negra, não importa que ela estampe sua roupa de trabalho, que mostre todos os sinais de que não é 'vagabundo', a polícia trata jovens negros das periferias brasileiras como se fossem bandidos, sempre suspeitos, sempre culpados a priori e se vê no direito de também aplicar a sua 'Justiça'.
Na reportagem da Record ficamos sabendo que o rapaz foi espancado a poucos metros da oficina onde trabalha, seus colegas avisaram os policiais que não se tratava de nenhum bandido. Pouco adiantou, na cabeça destes policiais racistas a cor do guri o condenava de antemão: 'é vagabundo, tem de apanhar', era o que os policiais espancadores diziam, segundo testemunho de um de seus colegas ouvidos pela reportagem.
Quando o Maria Frô falou pela primeira vez no caso um leitor apesar de achar a cena absurda disse que não via racismo. Experimente trocar a cor dos agressores e do agredido. Se você está neste time que tem uma imensa dificuldade de reconhecer que vivemos em uma sociedade racista e que o Estado, por meio de sua força policial, pratica racismo institucional, convido-o a ler o texto de Lio Nzumbi, do movimento Reaja ou Será Mort@ da Bahia.
Finalmente, a reportagem informa que os policiais agressores foram presos. Eles são policiais militares, serão julgados pela Justiça Comum? Vão responder por crime de racismo?
Um cidadão, trabalhador, menor, teve todos os seus direitos negados, foi espancando em plena luz do dia em frente dos colegas de trabalho, o que o governo do Estado da Bahia fará? E o Ministério Público?
Segundo a reportagem o rapaz sente fortes dores de cabeça, um dos socos que ele recebeu dos policiais agressores foi tão forte que o capacete voou. O rapaz foi socado, estapeado, chutado, pisado, inúmeras vezes por dois homens corpulentos muito maiores que ele, a vítima fez exame de corpo de delito? Recebeu socorro? O Estado a indenizará?