__________ Publicidade // //Estimados colegas jornalistas,
Queria relatar que, ontem a tarde, fui ao evento organizado pela Prefeitura de Providencia, na capital do Chile, em homenagem ao brigadeiro Miguel Krassnoff, condenado a 148 anos de prisão por violações aos direitos humanos, Sou jornalista, vivo no Chile desde 2006 e trabalho como free lancer. Colaboro eventualmente com o portal Opera Mundi, a Revista Fórum e o Diário Liberdade. Este dia, estava cobrindo o evento para o Diário Liberdade
Durante a cobertura, quando tentava tirar fotos de alguns dos primeiros confrontos entre policiais e manifestantes ligados a grupos de defesa dos direitos humanos, que foram ao local protestar contra a homenagem, um policial do batalhão de forças especiais dos Carabineros (polícia militarizada chilena) arrancou a câmera da minha mão de forma brusca (eu a levava na mão esquerda, enlaçada ao pulso, mas a ação faboi rápida, quando me dei conta ele já a tinha em seu poder) e passou a perguntar minha identidade, o que eu estava fazendo no local, porque estava tirando fotos e que tipo de fotos estava tirando. Colaborei respondendo as perguntas de forma pacífica e sem questionar, apesar dele insistir com as perguntas ainda quando eu já as tinha respondido, e apesar de eu ter me identificado conforme o que me foi solicitado, sem faltar ao respeito e sem questionar as ordens policiais e os limites de ação jornalística estabelecidos desde o começo do evento - cabe destacar aqui que apenas alguns poucos meios estavam autorizados pelos organizadores a cobrir a homenagem, e eu desconheço os critérios estabelecidos para tanto, já que algumas equipes de televisão e meios importantes do paìs tampouco puderam ter acesso.
Posteriormente, pedi ao policial (cujo nome não fui capaz de identificar, ou pelo menos não havia identificação visível na farda que usava) que me devolvesse a câmera, mas de forma educada, explicando que precisava dela prá realizar o meu trabalho, assim como entendia que a polícia também estava fazendo o trabalho dela. Porém, antes de eu terminar minha explicação, o oficial atirou minha câmera ao chão. Antes disso, apagou as fotos que eu já tinha tomado até aquele momento, e retirou as pilhas da câmera (que não me foram devolvidas). Dessa forma, não pude mais colher material gráfico a respeito do evento.
Infelizmente, não fui o único jornalista que sofreu com a ação policial na jornada de ontem, e o mais lamentável é que a agresseão a mim foi mais direcionada ao meu trabalho, não chegou a ataques físicos, mas não posso dizer o mesmo de outros casos. No final da jornada de ontem, um colega da Rádio ADN, Estaban Suárez, que tentou interceder por outro jornalista de meios gráficos quando esse estava sendo detido, foi agredido dentro de um furgão policial. Em outros eventos ocorridos durante o conturbado ano que vivemos no Chile, também se registrou abusos policiais ao trabalho jornalístico, sobretudo durante as marchas do movimento estudantil, embora a de ontem seja a primeira vez em que isso tenha me afetado pessoalmente.
Agradeço aos que puderem divulgar o que aconteceu e denunciar os graves abusos ao trabalho jornalístico que temos sofrido.
Saudações cordiais, Victor Farinelli
Victor Farinelli: Relato de agressão a jornalista no Chile
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