Polícia Militar no Campus: uma questão de educação (?)._________ PublicidadeA FEUSP é uma entidade estratégica no debate sobre o projeto de Universidade pública que queremos. @s estudantes de pedagogia devem ocupar seu espaço nas recentes discussões sobre a presença da Polícia Militar no Campus. A despeito do que tem sido vinculado na grande mídia, a intenção do movimento estudantil da USP não é manter uma posição privilegiada diante do policiamento na cidade de São Paulo em relação ao consumo de drogas, mas promover um amplo debate sobre segurança pública, educação de qualidade e papel da Universidade na sociedade. Queremos compor um movimento na Faculdade de Educação que seja aberto ao diálogo e afastado do aparelhamento partidário.
Nessa direção, trazemos o relato dos fatos ocorridos ontem, envolvendo a prisão de estudantes e funcionários que ocupavam o prédio da reitoria. Sem o término das negociações, os policiais invadiram o local enquanto @s alun@s e funcionários dormiam.
Nessa terça-feira, 8 de novembro, presenciamos a desmedida força repressiva da Polícia Militar no Campus Capital da Universidade de São Paulo: em uma operação que contou com um efetivo de 400 homens, cavalaria, helicóptero Águia, carros especializados, apoio do GOE (Grupo de Operações Especiais) e GATE (Grupo de Ações Táticas e Especiais) assistimos a prisão de 73 estudantes e funcionários (dentre eles uma aluna e uma funcionária da FEUSP) acusados, inicialmente, de desobediência à ordem judicial (para desocupação), dano ao patrimônio público, dano ao patrimônio ecológico e formação de quadrilha. @s estudantes e funcionários ocupavam a reitoria desde o dia 2 de novembro e receberam um comunicado informando que a reintegração de posse seria realizada às 23h do dia 7 de novembro, segunda-feira.
Entretanto, às 5h do dia 8, a Polícia invadiu a reitoria ocupada e levou todos @s estudantes e funcionários em dois ônibus, separando-os entre homens e mulheres. Relatos de moradores do Conjunto Residencial da USP (CRUSP) revelam que durante a madrugada a operação da Polícia Militar já estava se articulando com helicópteros sobrevoando os blocos da moradia estudantil e reitoria ocupada. A tropa de choque teria bloqueado a saída dos prédios e feito o uso de gás lacrimogêneo para conter uma possível participação dos moradores durante a reintegração de posse. Vale ressaltar que não há qualquer ligação do CRUSP com a ocupação da reitoria e que a moradia estudantil é a residência d@s alun@s e suas famílias (há apartamentos especiais para estudantes com filhos).
Os estudantes chamaram, então, um ato para as 10h de ontem para reivindicar a soltura d@s alun@s e funcionários presos. A manifestação se concentrou na reitoria e seguiu para o 91º Distrito Policial onde estavam @s estudantes detidos. Cerca de 200 estudantes passaram a tarde em frente à delegacia acompanhando as negociações. A Polícia falava em R$1050,00 como fiança. As negociações seguiram com o apoio de advogados de partidos políticos e movimentos sociais e por fim terminaram na liberação d@s estudantes e funcionários mediante o pagamento de R$545,00 cada um totalizando o valor de R$39.240,00. Os alun@s e funcionários reclamam de uso da violência na tomada da reitoria com a utilização de algemas, cassetetes, arrombamento de portas e destruição de equipamentos. As mulheres que estavam na ocupação (24) falam de humilhação e violência desnecessária com relatos do uso de mordaça e algemas.
Dessa maneira, a reitoria busca criminalizar o movimento fechando-se ao debate: continua a perseguição política com os processos administrativos contra alun@s e funcionários. Ao fazer uso do discurso legalista (jurídico) a reitoria ganha adesão da mídia e do governo do Estado de São Paulo.
Ainda ontem, às 18h30min, no saguão de entrada do bloco B da FEUSP, realizou-se uma assembléia interna da Educação. Esta assembléia contou com cerca de 70 estudantes e apontou fortemente para a necessidade de uma unificação do movimento estudantil. Nela deliberou-se:
1. Paralisação das aulas que estavam em curso do período noturno, para que tod@s os estudantes pudessem participar da Assembléia Geral dos Estudantes da USP;
2. Paralisação hoje, 4ª feira (09/11), com convite para que @s estudantes participem das atividades de diálogo propostas;
3. Indicativo para que ocorresse o Fórum FEUSP – espaço para discussão e deliberação conjunta entre os três segmentos que compõe a nossa faculdade (funcionários, alunos e professores) – na 5ª feira, 10/11, às 16h. Havendo ainda a necessidade de discutir-se a proposta com os demais segmentos;
4. Criação de uma Comissão de Comunicação, responsável pelo registro e ampla divulgação, nos diversos meios de comunicação, dos eventos dos quais a FEUSP participar.
Terminada essa Assembléia de Curso e tendo passado nas classes para convidar @s estudantes em aula a juntarem-se à paralisação, @s alun@s deslocaram-se para o vão da História e Geografia onde estava ocorrendo uma Assembléia Geral dos Estudantes da USP.
Corroborando com o clima da Assembléia de Curso da FEUSP, a Assembléia Geral também apontava para uma maior unificação do movimento em torno daquilo que é fundamentalmente comum à imensa maioria dos presentes e que compõe o eixo político deliberado. Contando com cerca de 2.000 estudantes, esta assembléia deliberou:
1. Greve imediata dos estudantes da USP;
2. Eixos políticos da greve:
1. Retirada de todos os processos movidos contra estudantes e funcionári@s por motivos políticos!
2. Fora PM! Pelo fim do convênio da USP com a Secretaria de Segurança Pública.
3. Liberdade aos presos e nenhuma punição administrativa ou criminal!
4. Fora Rodas!
5. Outro projeto de segurança na USP! Que a reitoria se responsabilize por:
Plano de iluminação no campus;
Política preventiva de segurança;
Abertura do campus à população para que tenhamos maior circulação de pessoas;
Abertura de concurso público para outra guarda universitária, que tenha treinamento para prevenção dos problemas de segurança e com efetivo feminino para a segurança da mulher;
Mais circulares;
Circular até o Metrô Butantã.
3. Ato, nesta 5ª feira (10/11), às 14h, no Largo São Francisco. Com concentração às 12h;
4. Próxima Assembléia Geral dos Estudantes: 5ª feira (10/11), às 18h, no Largo São Francisco;
5. Formação de um Comando de Greve: formado por delegados eleitos nas Assembléias de Curso, sendo 1 delegado a cada 20 participantes da Assembléia (de Curso).
Levando em conta essas deliberações, @s estudantes da educação que estavam presentes ao final da Assembléia Geral se reuniram para tirar propostas de ação na FEUSP. Decidiu-se, então, que é de suma importância uma mobilização d@s estudantes da faculdade para a construção da greve no curso de pedagogia e licenciaturas em concordância com aquilo que foi deliberado na Assembléia Geral.
Para tanto, ocorrerá uma nova passagem nas salas de aula para informar todos os estudantes do curso das deliberações realizadas ontem e para convidá-los a participar das atividades que serão propostas hoje:
- Às 15h haverá um círculo de diálogo para discutir a segurança na USP e diferentes propostas para assegurá-la;
- Às 19h30min, haverá uma oficina wiki, para aqueles que quiserem aprender a utilizar as mídias de que o Centro Acadêmico Professor Paulo Freire (CAPPF) dispõe como o site, o twiter e o facebook da entidade pelo conjunto de estudantes da FEUSP.
Além disso, na mesma perspectiva de construir o movimento dentro da Faculdade de Educação, decidiu-se que na quinta-feira será realizada uma nova Assembléia de Curso para que todos sejam informados do que foi deliberado na Assembléia Geral e para que retiremos os delegados representantes da FEUSP no Comando de Greve. Para tanto, o indicativo para o Fórum FEUSP deve ser adiado, permanecendo sem uma nova definição de data, até que seja melhor discutido e construído em assembléia.
Tendo em vista o que se apresentou no presente informe, gostaríamos de convidá-los a unirem-se na participação de todas atividades propostas!
Estejam nos espaços dando sua opinião, participem das assembléias e dialoguem com os colegas.
Hoje, contamos com a presença de tod@s na roda de diálogo, que ocorrerá às 15h, no saguão do bloco B; e também na Oficina Wiki, que acontecerá às 19h30min, no mesmo local.
Vamos construir um movimento estudantil na Faculdade de Educação a partir de um diálogo aberto e de uma participação ampla!
Estudantes participantes da Assembléia da FEUSP em 8.11.11.
Polícia Militar no Campus: uma questão de educação (?)
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