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Para comparar, relembrem como em 2010 foram tratadas as tragédias de São Luis de Paraitinga (SP, durante o governo Serra) e de Angra dos Reis (Rio de Janeiro, governo Sérgio Cabral), por exemplo.
O sorriso de Maria Beltrão e a politização seletiva das “tragédias climáticas”
Por: Marco Aurélio Weissheimer, no RS Urgente
12/01/2011
*notas do Maria Frô: D acordo com o Estadão até agora foram 170 mortos; os grifos no texto são nossos, assim como o link inserido na nota da Carta maior.Nada como uma nova “tragédia climática” para os nossos economistas e especialistas em generalidades colocarem os pés pelas mãos. A Globonews convocou hoje um economista da Federação do Comércio para “analisar” os efeitos das chuvas no Rio de Janeiro. Foi preciso uma enchente e algumas dezenas de mortos* para a emissora descobrir um economista que critica o governo federal por cortar gastos (na prevenção desse tipo de tragédia). O discurso padrão dos economistas ouvidos pela Globonews é justamente o oposto, ou seja, criticar o governo por não cortar gastos, por não fazer o “necessário ajuste fiscal”. Basta a ausência do Estado apresentar seus efeitos para que os arautos do Estado mínimo cobrem sua presença. Certamente não será o mercado a investir para minimizar a possibilidade dessas tragédias. Pelo contrário, o mesmo mercado que critica agora a “ineficiência dos governos” na prevenção, passa o ano beliscando cada vez mais espaços de terra para construir seus espigões e condomínios por todo o país. Como já ocorreu em 2010, a politização da cobertura sobre as “chuvas e enchentes no Sudeste” ganhou espaço com a entrada do Rio de Janeiro na rota da destruição. Quando o problema estava localizado em São Paulo, a política e a economia davam lugar à meteorologia. Sem dúvida, faltam investimentos para minimizar tais prejuízos, mas falta, sobretudo, o respeito à legislação ambiental que proíbe construções em encostas de morros. O atropelo dessas normas é responsável por dezenas de mortes no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, apenas para citar dois Estados onde recentemente ocorreram deslizamentos de encostas de morros. Enquanto isso, em São Paulo, conforme registra hoje nota publicada na Carta Maior, o mapeamento das áreas de risco está desatualizado e atrasado e uma série de obras prometidas não foram feitas: Serra investiu no ala(r)gamento da Marginal mas não cuidou da limpeza do rio. Desde 1998, foram construídos 43 dos 134 piscinões previstos na Grande São Paulo. Das 22 ações antienchentes orçadas para a cidade de SP em 2010, 14 tiveram investimentos abaixo da meta e, entre elas, cinco registraram investimento zero. O gasto com publicidade na prefeitura demotucana quase dobrou em relação a 2009 e foi cumprido integralmente. Um homem morreu afogado na avenida Nove de Julho, centro da capital, na chuva desta 2º feira. O PSDB governa o estado há 16 verões. Em meio a este cenário, a eternamente sorridente Maria Beltrão anuncia solenemente na Globonews: “Vamos discutir hoje os estragos causados pelas chuvas. Culpa da natureza ou do homem?” Pergunta dificílima! Na apresentação do programa, ela parecia, sinceramente, ter uma dúvida sobre a resposta. Já o economista convidado não hesitou em responder: a culpa é do governo federal! Maria Beltrão sorriu de novo.