Existem alguns posts aqui no Maria Frô no qual eu me mostro bastante surpresa com o triplo escarpado hermenêutico da extrema-direita brasileira em querer se apropriar da memória e história do Brasil de modo unilateral.
Como é que ela tenta fazer isso? Ignorando os fatos e fazendo enormes malabarismos para posar de defensora da democracia.
A direta brasileira faz revisionismo dos mais pobres e como tal só convence aos desinformados e que têm espírito autoritário, pois é tão truculenta no modo de impor suas 'verdades' que até pessoas - sem grandes conhecimentos da História - percebem que há incongruências nesse discurso.
Essa velha direita que resiste em parceria com algumas redações é também inculta e preguiçosa. Vive dando vexame porque sequer faz breve pesquisa para sustentar suas fantasias, veja por exemplo aqui e aqui.
Democracia para esta tchurma é ela poder criminalizar os movimentos sociais, ver reverberar seu mantra único com seus inúmeros preconceitos e nunca ser questionada.
Mas vivemos novos tempos, a internet (que sempre foi criticada pelas tevês) e a blogosfera (que nos últimos tempos alvo dos jornalões) vêm dia após dia fazendo essa tchurma passar vergonha. (Comecei a escrever este ontem pela manhã e no começo da noite no o twitter mais uma vez desmente notícia falsa da mídia velha e a faz passar carão).
Antes de relatar minhas impressões sobre o nosso ato que como o outro da direita raivosa são provas cabais de que vivemos em uma democracia com ampla e irrestrita liberdade de expressão, deixa-me fazer mais uma observação sobre a mídia velha:
O Globo que não conhece o Google e antes de nossa manifestação disse que foi Lula que chamou o ato contra golpismo midiático no comício em Campinas, mais uma vez mente ao dizer que foi um ato do PT (veja especialmente a legenda da foto publicada por O Globo). Atenção O Globo! NÃO HAVIA UM ÚNICO REPRESENTANTE OFICIAL DO PARTIDO NO ATO. Isso aliás me deixou fula da vida com o PT e, igualmente, com o PSOL.
Não faltou registro deste ato, impressionante a quantidade de câmeras, vídeos, celulares e afins, mas parece que isso não garante que a velha mídia relate os fatos tal como ocorreu.
Vamos ensinar jornalismo para O Globo: nós blogueiros chamamos o ato via o Centro de Mídia Barão de Itararé, MUITO ANTES DO COMÍCIO DE CAMPINAS, o ato recebeu o apoio das Centrais Sindicais, do MST e outros movimentos sociais e de alguns partidos de esquerda entre eles o PCdoB o PSB e PDT.
Pronto, agora, posso falar do ato.
Vários blogueiros fizeram antes de mim uma boa síntese sobre as lideranças e instituições presentes no ato, leia especialmente o texto do Raphael Tsaavko e do Renato Rovai, assim como a cobertura do Sindicato dos Jornalistas e do Vermelho.
Alguns blogueiros com mais ou menos humor também deram suas impressões: Rodrigo Vianna, em seu melhor dia de Professor Hariovaldo, me fez rir bastante com o seu post: Passei calor pra atentar contra as liberdades! Professor Emir Sader aproveitou o seu post sobre o ato pra publicar o abaixo-assinado que este blog também reproduziu aqui. Eduardo Guimarães também fez seu relato e publicou vídeos, um deles de sua fala bem-humorada e representativa da sensação da blogosfera diante da cara de pau da grande mídia de lucrar milhões e nos acusar de ser um risco à democracia.
Quanto a mim além do calor infernal, da pressão arteriar baixar com o calor insuportável de um espaço que não comportava tanto 'blogueiro sujo', me emocionei várias vezes.
Emocionei-me quando Gilmar Mauro, representante do MST, disse que o dia em que a mídia velha noticiar uma única linha positiva sobre os sem terra é que o movimento passou a fazer tudo errado. Os sem terra sabem o que dizem. Eles estão acostumados a ser criminalizados pela mídia velha e carcomida e a não ter o direito de resposta.
Fico esperançosa quando vejo o MST, o maior e mais bem organizado movimento social do Brasil, com a clara noção de que informação é poder e que precisamos nos empoderar criando nossos próprios canais de comunicação.
Um dos dirigentes de uma das centrais sindicais, CGTB, narrou-nos como foi abordado por um 'jornalista' pelo telefone: O senhor vai ao ato em favor da censura? E ele respondeu: Não. Vou ao ato em favor da democracia!
Miro, meu querido amigo, estava literalmente pingando no espaço apertado que se tornou o auditório do Sindicato dos Jornalistas, se você reparar no vídeo deste post aqui, verá ele sequinho no começo do ato e completamente encharcado ao final. Mas nada disso tirou o brilho e a força de sua indignação na leitura do documento final da manifestação que era também a de todos ali presentes e a de milhões de cidadãos Brasil afora.
Muitos se manifestaram, eu produzi alguns vídeos que não tive tempo de subir para o youtube, farei quando der e completarei este post, mas a fala mais expressiva da noite foi talvez da figura pública mais achincalhada por esta mídia velha e carcomida: Erundina. Esta mulher nordestina ousou se candidatar para governar a cidade de São Paulo e eleita ousou administrar focando os mais humildes em suas políticas públicas. Por tanta 'ousadia' sofreu todo o tipo de humilhação que só um império midiático que não aceita de modo algum o povo no poder pode fazer.
Por isso a sua fala é forte, cheia de vida, de verdades escarradas. Por isso ela foi aplaudida desde a hora que entrou e depois do seu belo discurso só nos restou cantar em alto e bom som nosso hino nacional, porque o Brasil pela primeira vez é de muitos brasileiros, e não apenas de um grupo encastelado há séculos no poder com suas demandas protegidas e reverberadas por figuras tristes da mídia velha e carcomida.