Todos os dias recebo e-mail de serristas desesperados.
No twitter, cabos eleitorais oficiais e oficiosos da campanha de Serra chegam ao cúmulo de usar como peça de campanha uma imagem falsificada de uma passeata, cuja faixa adulterada com photoshop convoca o ex-goleiro Bruno como cabo eleitoral para a campanha, como mostrei aqui.
Fiz um longo post com imagens, mostrando as relações desses cabos eleitorais oficiais e/ou oficiosos diretamente ligados à campanha oficial de José Serra e Geraldo Alckimin. Esses cabo-eleitorais virtuais são jovens, alguns já foram assessores, outros ainda são, mas todos, sem exceção, estão no comitê paulistano de campanha do PSDB e convivem ligados a ex-subprefeitos exonerados e a vereadores do PSDB.
Quando olho as recorrentes baixarias, pergunto-me como se perguntou Idelber Avelar, onde é que foi parar o PSDB, este partido, apesar de sua raiz neoliberal tinha alguma história e está se transformando em algo que não honra os grandes nomes que já abrigou.
Daí leio e acompanho na tevê os discursos de Serra, ex-exilado que hoje abraça militares a portas fechadas e provoca lamentos na Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Serra iguala torturadores a torturados, nem Bolsonaro faria melhor. Triste fim de um ex-líder da UNE.
Felizmente Serra não sentiu o gosto da tortura, nem a ele desejo tal experiência. Mas pessoas sérias como professor Paulo Sérgio Pinheiro, tucano histórico e comprometido com a defesa dos Direitos Humanos, com a aprovação do PNDH3, vai ter de sair a público para dizer que também lamenta esta perda de princípios democráticos, este descaso na defesa dos Direitos Humanos. Todos nós lamentamos.
Finalmente, em relação ao novo factóide da campanha tucana, imputando à campanha de Dilma a quebra do sigilo fiscal de sua filha Verônica: se eu fosse Dilma e o PT entraria na Justiça para fazer Serra provar suas acusações. Não é Dilma que tem de apresentar o ônus da prova e sim seu detrator.
Mas, certamente Dilma sabe que as instituições brasileiras estão cada dia mais fortes, a Polícia Federal está investigando a quebra de sigilo e atenção, foi o próprio PT a pedir que se investigasse a quebra de sigilo. Portanto, esse factóide de Serra reverberado pela mídia velha que adora apoiar golpes é só uma tentativa lastimável de tentar criar fato novo para permanecer na disputa eleitoral.
A Receita Federal é uma das instituições mais respeitadas no país. No TSE temos gente séria. Presidente Lula com 80% de aprovação nacional e com grande prestígio internacional também sabe que pode confiar nas instituições do país. Serra quer manchar a história da democracia brasileira e vai entrar para a história como um neoLacerdista que é.
A tentativa golpista do candidato que tem menos da metade das intenções de voto de sua adversária, a candidata Dilma Roussef, fará com que Serra não apenas tenha como perspectiva uma derrota acachapante, mas o fará aprender a respeitar as instituições de nosso país e a vontade popular.
Comissão de Anistia lamenta declaração de Serra sobre crimes da ditadura
Por: Por: João Peres, na Rede Brasil Atual
31/08/2010
São Paulo – O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão, lamentou as declarações do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, que em encontro com militares afirmou que a discussão sobre a punição de torturadores da ditadura militar (1964-85) é um equívoco. A afirmação ocorreu na sexta-feira (27), no Rio de Janeiro.
Abrão considera que o teor do discurso, feito a portas fechadas com militares e revelada pela reportagem de Rede Brasil Atual, é fruto da conveniência do momento eleitoral para "não querer enfrentar diretamente um assunto que é tão caro para nossa sociedade".
"Não é possível que nenhum pretendente a ocupar o primeiro cargo da nação ignore os tratados e as convenções internacionais de direitos humanos, que dizem o contrário. Equivaler torturados com torturadores é ignorar a perspectiva dos direitos humanos." – Paulo Abrão, presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça.Serra, exilado durante o regime, atribuiu a setores do governo federal a tentativa de discutir o passado. "Reabrir a questão da anistia para mim é um equívoco porque a anistia valeu pra todos e ao meu ver não é algo que deveria ser reaberto. Uma coisa é ter conhecimento do que aconteceu etc. Outra é a reabertura dos processos que, aliás, pegaria gente dos dois lados", disse.
Paulo Abrão discorda veementemente da análise do candidato, apontando que não é possível a comparação entre os que resistiram à violação dos direitos humanos e os que se apropriaram do Estado para cometer as violações. “Não é possível que nenhum pretendente a ocupar o primeiro cargo da nação ignore os tratados e as convenções internacionais de direitos humanos, que dizem o contrário. Equivaler torturados com torturadores é ignorar a perspectiva dos direitos humanos."
O presidente da Comissão de Anistia avalia que é preciso aproveitar o momento para eleger, no Congresso, uma bancada alinhada à revisão da Lei de Anistia. O Supremo Tribunal Federal (STF) entendeu, no último mês de abril, que a Lei 6.683, de 1979, foi fruto de um amplo processo de acordo, não havendo, portanto, necessidade de rever o tema, dando possibilidade à punição de torturadores. Com isso, restou aos familiares de mortos e desaparecidos tentar a mudança pelo Legislativo.
“Essa luta pelos direitos da transição política tem de ser feita por dentro da democracia. Não vai ser possível ter uma sociedade que respeite a verdade e que implemente ações que possam suscitar os organismos de Justiça em favor da proteção judicial das vítimas do passado se não houver também a formação de uma consciência que esteja expressada no Congresso Nacional”, avalia Abrão.