Azenha fez uma excelente análise ao primeiro programa de Dilma Rousseff neste post. É uma análise de um jornalista com mais de 30 anos de televisão. De fato a qualidade técnica, o acerto do tom na campanha chamou a atenção de muita gente com olhar crítico e emocionou aqueles para qual o programa foi feito para emocionar.
Neste post aqui, não fiz análise do programa em termos televisivos, pois não tenho qualificação pra isso. Arranhei uma análise de discurso: para além do uso de uma favela cenográfica (o que pega muito mal para qualquer candidato que pretende ser presidente do Brasil, mas especialmente para Serra que tem fama de hipocondríaco e de uma pessoa que tem grande dificuldade de se misturar à massa se ela não for a "massa cheirosa") o pior foi o jingle. É vexatória a tentativa de Serra querer associar a sua imagem à do presidente Lula. Os eleitores, por menos politizados que sejam, serão capazes de perceber a contradição, na medida em que Serra é um candidato conhecido e é conhecida também sua oposição, a do seu partido e de seus aliados aos oito anos de governo Lula.
Quando vi o programa de Serra e o de Tiririca - "Vote no Tiririca, pior do que tá não fica" -, achei que não poderia haver mais fisiologismo. Enganei-me, o Brasil mudou, mas os políticos fisiológicos não perceberam a mudança.
Infelizmente o fisiologismo na política não tem matiz partidária. Hoje, pela manhã, @manucarvalho me manda um link, via twitter, que me fez sentir de novo #vergonhaalheia.
E como se não bastasse fazer um fake da Ana Maria Braga até mesmo com o louro José, no programa da noite ela faz referência à novela global Passione.
Não é só ridículo para os políticos que disputam cargos de envergadura nessas eleições usar novelas e programas populares globais como referência para 'conversar com povo', especialmente o público feminino, donas de casa, foco destes programas, é também a demonstração de uma falta de criatividade sem tamanho. Em termos de estratégia de comunicação, Plínio de Arruda Sampaio, aos 80 anos, está dando um banho nesses políticos que se mumificaram e congelaram o fazer político no século XX.
Candidatos petistas ou aliados de última hora que buscam desesperadamente pegar carona na garupa do Lula, acham mesmo que só posar ao lado do presidente mais popular da história do Brasil será suficiente para se elegerem? Ah! Sim tem uns que pensam como Tiririca e outros como Ideli.
Para os que pensam como Tiririca e para os que usam o recurso pouco criativo de Ideli, segue o recado da Ana, mineira, ensino médio completo, casada, mãe de três filhos, avó de dois netos e mensalista. Ao me ver carregando os vídeos no youtube, Ana parou para assisti-los e depois disse:
"Que presepada! Ele acha que alguém vai votar nele dizendo isso? O Brasil melhorou e tem de melhorar mais, pior vai ficar se votar num palhaço. Se ele dissesse, 'gente eu sou palhaço, mas tem a hora, sou comediante, faço graça, mas agora a coisa é séria, política é coisa séria. Mas ele continua a fazer palhaçada, chamando a gente de abestado. Abestado é ele que acha que a gente é besta.
E ao ver os programas da Ideli Salvatti comentou:
Será que a Ana Maria Braga sabe disso? Essa senhora quer ensinar a gente cozinhar ou quer governar?
PS: Se não leu, leia o post do Azenha analisando por que Mercadante será derrotado em São Paulo. Lá ele diz: "O sonho dos petistas, paulistas ou nacionais, é sair na Folha ou na Globo". #ficaadica