Subo o belíssimo texto da leitora Ana Luiza para esta postagem, pois mais pessoas poderão lê-lo aqui do que nos comentários. Vale a pena.
Comentários de alto nível como este e de outros leitores do blog Maria Frô nos estimulam a continuar arranjando tempo para blogar. Obrigada.
Por Ana Luiza (nos comentários do Maria Frô, Post: Comunidade "Eu odeio nordestino" na mira do Ministério Público)
O racismo é o retrato da ignorância, da marginalização até mesmo desses coitados que se acham superiores a pernambucanos, alagoanos, paraibanos, etc.
Alimentar o racismo é uma forma de esconder a própria miséria, pois quando paramos para escarnecer o outro deixamos de olhar para o que nos falta da pior forma possível.
Há formas saudáveis de melhorar nossas vidas vazias quando preenchemos esse espaço sendo solidários na dor e na alegria do próximo; reconhecendo injustiças históricas unimos forças para melhorar a própria vida.
Não há super homens nem homens inferiores, quando é que vamos entender que só existem homens e pronto.
Em São Paulo ocorrem problemas dessa natureza quase todos os anos, para não dizer todos os dias, a momentos em que a cidade é um caos, mas não podemos dizer que o problema é dos paulistas, porque o problema é de todas as grandes cidades do mundo, assim como é de Recife.
Alienação é o pior problema de São Paulo. Vivem se sentindo superiores a natureza, aos nordestinos, aos japoneses, etc. e só o que conseguem é continuar enfrentando a mesma rotina de sempre sem nenhuma ação de mudança.
O Estado não cumpre seu papel, quando considera desnecessárias as obras de saneamento, quando não educa a população gerando espaço para o racismo, por exemplo.
Há um conjunto de erros humanos e há também a força da natureza (da qual devemos lembrar que fazemos parte) que podem gerar catástrofes que atingem a todos nós direta ou indiretamente.
É uma pena que alguns paulistas continuem sem compreender que o grande problema que cerca sua cidade é a falta de vontade política e não o fato de ter ou não uma população vinda do norte ou do nordeste do país ou de qualquer lugar que seja.
É uma pena que enquanto o mundo aplaude a nossa capacidade de ser diverso, de convivência com diferentes credos tentando nos imitar ainda existam brasileiros reproduzindo antigos sentimentos de inferioridade, tentando imitar o que julgam ser superior e que na verdade o mundo já começa a reconhecer como ultrapassado.
Oro para que esses nossos irmãos não percam o velho bonde da história e se afoguem na alienação, o que é uma morte inglória, diante daqueles que morreram na enchente que atingiu o Estado de PE.