Amanhã a seleção canarinho entra em campo.
Todos os comentaristas, sem exceção, xingaram e continuam esculhambar o Dunga. Detratram-no até o último grau, Datena, ontem, disse que se Dunga dirigisse um carro ele torceria para que nosso técnico batesse o automóvel! A despeito desta baba coletiva na fala dos 'comentaristas', eu não esqueço que a seleção burocrática do Parreira nos tirou da secura de passar 24 anos sem títulos.
Dunga era o capitão da seleção de 1994 que nos tornou Tetra na frente da Itália, que também era Tri-campeã e, obviamente na dianteira de todas as demais grandes pátrias de chuteiras. Tetra ironicamente alcançado na pátria dos sem futebol, os EUA.
Sim, foram jogos feios, retrancudos, mas que a cada partida nos enchia de esperanças e até o último pênalti perdido por Baggio e do nosso lado salvo por Taffarel, muitos de nós de tanta taquicardia, quase empacotamos num infarto.
Se não estou equivocada, ao menos minha memória não se lembra de até 1994 uma final de Copa do mundo ter sido decidida em pênaltis.
Aqueles minutos finais foram os minutos de todas as rezas, mandingas, promessas, eu só vi a defesa de Taffarel, assim como o desespero do Baggio depois nos inúmeros 'replays'. Pois na hora H o coração não aguentou e não tinha mais unhas para roer.
Só sei que em pleno bar de Ilhéus, com minha amiga Cássia (viajamos todo o litoral baiano de sul a norte depois da vitória do Brasil), víamos-nos no meio de uma multidão que nos abraçava, jogava-nos para o ar e gritava mais que todas as vuvuzelas sul-africanas.
Como diz a Marina em seu blog de olhar feminino sobre o futebol, hoje os brasileiros, felizmente, têm muito a comemorar além de um Hexa.
Claro que vai ser bacana se esta seleção que ainda nem entrou em campo e já recebe muitas críticas trouxer o Hexa. Mas se não trouxer a gente aproveita todo este verde amarelo que inunda o país para reafirmar o nosso amor por nós mesmos, por nossa capacidade de reconstruir este país, pelos índices históricos positivos que estamos alcançando em diferentes áreas.
Quem sabe a gente recria em outras bases nosso nacionalismo tão achincalhado pelos ditadores de diferentes tempos e aprendemos que uma verdadeira pátria não é uma nação esquertejada, onde a maioria não tem direitos. Nós sabemos que nós brasileiros podemos infinitamente mais, mas também aprendemos nestes oito anos quem é que pode nos ajudar a tornar o Brasil um país de todos.
PS> Para ver mais fotos vá ao álbum Minha Pátria de chuteiras, minha bandeira E para ler uma crônica que eu deveria/queria ter escrito se tivesse feito as fotos antes (especialmente as do álbum que consegui fazer hoje no percurso de volta) e se o Eduardo Araújo não tivesse se adiantado, bóra lá ver o belo texto que ele fez no blog das 30 pessoas.