Do R7 reproduzo um caso raro de indenização para uma vítima de racismo no Brasil.
À época, o MariaFro denunciou e protestou contra este ato de violência grotesco aqui e aqui. O caso ganhou notoriedade fora do país e foi discutido em artigo do Global Voices que foi traduzido em diversas línguas, como aqui.
Na notícia de hoje, como bem notou Marília Moschkovich é ainda motivo de explicação e justificativa aos leitores o fato de um negro possuir um EcoSport. Isso diz muito sobre o racismo à brasileira.
Carrefour indeniza vítima de racismo em Osasco19/03/2010
Januário Alves de Santana foi espancado por vigilantes da rede de supermercado em 2009Januário Alves de Santana, vigilante negro espancado por seguranças no estacionamento do Carrefour de Osasco, na Grande São Paulo, recebeu indenização da empresa. Ele foi acusado de roubar o próprio carro. Ocorrido há sete meses, o episódio de racismo virou caso de polícia e foi apontado por entidades de defesa dos Direitos Humanos como exemplo de intolerância contra negros no país. O contrato do acordo extrajudicial proíbe a divulgação do valor.
O comunicado conjunto da indenização, assinado entre Carrefour e Santana, será divulgado nesta sexta-feira (19) pelo advogado de defesa do vigilante, Dojival Vieira:
- É uma forma de mostrar que, com diálogo, as duas partes podem sair satisfeitas. A empresa assumiu seu papel e resolveu o problema da melhor forma possível (...) O que não significa que se trata de um final feliz. Entendemos que um flagrante tão cruel da discriminação racial no país, na verdade, nunca deveria ter ocorrido.
A divulgação da indenização representa o fim da negociação com a rede de supermercados, que começou em setembro.
- A empresa demonstrou disposição em resolver o caso rapidamente.
Santana, de 39 anos, foi espancado por seguranças terceirizados do Carrefour em agosto de 2009, confundido com ladrão após estacionar sua EcoSport prata - que pagava em 72 prestações de R$ 789 - na loja (grifo meu). Além do pedido formal de desculpas, o Carrefour demitiu funcionários envolvidos no caso e rompeu o contrato com a Empresa Nacional de Segurança Ltda., empregadora dos acusados de ter espancado o vigilante.