Tem texto novo no blog da mulher: Sobre terrores e prazeres nos primeiros anos escolares trata-se de uma crônica de memórias, nascida de exercício acadêmico, para dialogar com professores em formação.
Na crônica tento reviver meu processo de alfabetização e letramento, os desafios de desenvolver o habitus escolar, a descoberta da literatura. Falo da importância de encontrarmos em nosso processo de formação educadores de fato e de direito que conseguem enxergar a criança em todas as suas dimensões.
Segue a introdução:
Memórias escolares da década de 1970Sou a mais velha de cinco irmãos. Ao entrar na escola, em 1971, já tinha dois irmãos e o terceiro chegou quando eu estava na terceira série e o quinto na sexta série. Filha de mãe baiana de cultura rural que criou seus sobrinhos (já que era a caçula de uma família de dez irmãos), recebi dela o legado de me tornar ‘adulta’ muito cedo. Tinha muitas tarefas que nem sempre conseguia cumprir a contento. Lembro de apanhar logo pela manhã, porque ao sair para comprar açúcar não encontrei a marca usada pela mãe. Ela não era má, era jovem e com muitas responsabilidades. Com o pai sempre na estrada e ela tendo de lidar sozinha com tantos desafios, acabava por me forçar a crescer antes do tempo.
Talvez porque vivenciei essa infância distante da traçada pelo modelo clássico do século XVIII e tivesse muitas outras preocupações na vida que me impediam de experimentar o afeto também presente nos muros intra-escolares não me lembro dos rostos ou nomes de minhas primeiras professoras.
Mesmo assim, a escola para mim foi o lugar por excelência de encontro social, de fugir do trabalho árduo, das surras, dos gritos, dos arroubos violentos da mãe que pioraram muito ao longo dos anos e com a doença dela e os dois irmãos que vieram depois. Eu adorava ir à escola, chorava quando a mãe demorava a voltar e passava da hora de entrada.
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