Assim que terminaram as eleições Mayara Petruso, uma estudante de Direito de São Paulo, sem saber fazer contas, propôs que se matasse nordestinos (aqui, aqui, aqui e aqui). Ela os culpava pela derrota de Serra. A sua mensagem preconceituosa e de ódio aos nordestinos seguiram mais de mil outras do mesmo cunho disseminando o ódio.
Ontem, no Viomundo, uma denúncia de uma aluna negra, do PROUNI, que estuda direito na PUC/SP, revela que ela é vítima de racismo e preconceito de classe de outra aluna da mesma Universidade.
Hoje, pela manhã, recebo da @flavississima uma imagem que pensei ser uma piada, embora ela afirmasse que era sério:
Trata-se do cartaz de uma das chapas que disputam as eleições do DCE- USP para 2011.
É um reviver 1963/64, com cara de TFP e CCC. Até Fernando Henrique e Obama são colocados no mesmo saco dos 'comunistas' e claro juntos com Hitler e Amajinehad.
Na composição da chapa tem um politécnico, três alunos da FEA, um do Direito e os sete restantes vêm da História, Geografia e Letras. É, assim, uma chapa majoritária de alunos proveniente das Ciências Humanas. Devem ser leitores assíduos de Tio Rei, Mainardi, Augusto Nunes, Demétrio Magnoli.... é o revisionismo da história gerando seus frutos.
Se é grande o estranhamento diante de uma chapa formada por aqueles que se declaram cristãos conservadores e afirmam com todas as letras que se o outro não é capaz de ver 'a luz' que então seja jogado na fogueira, sugiro olhar outras chapas que disputam as eleições, há uma que se chama Nova USP 'A partidários'...
O que esses universitários de três instituições -- uma pública e duas privadas -- têm de comum? são todos filhos da educação paulista, de um estado cada vez mais desigual e conservador, há dezesseis anos governado pelo PSDB. São filhos de uma elite que ao menor sinal de ascensão social dos menos favorecidos se assustam, são preconceituosos, conservadores, de extrema-direita, despolitizados que entendem o jogo democrático como algo sujo, vêem na greve não um direito, mas a desordem e acham que a existência de partidos políticos é um problema.
A campanha de Serra que em vários momentos beirou o fascismo abriu um precedente perigosíssimo e, ao menos em São Paulo, eu não vejo como, por meio de políticas públicas na educação, mudarmos este quadro, já que teremos por mais quatro anos um projeto político bastante excludente no governo do estado e que sucateou a educação pública para além do imaginável.
Que o restante do Brasil democrático esteja atento, que a parcela democrática do estado de São Paulo esteja alerta mais do que nunca para nos contrapor a este projeto autoritário que se fortalece.