Quem deve pautar a esquerda não é a mídia, nosso debate é o futuro do Brasil

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Leio hoje estarrecida a declaração de André Vargas no twitter esculhambando as feministas, parece que este senhor se esquece que seremos governados por uma mulher.

Deve ser difícil estar na direção de campanha e se equivocar tanto com as pesquisas, não levamos no primeiro turno, perderam no Paraná... Compreendo, a cabeça deve estar quente. Mas de todo modo repudio que a militância e lideranças lidem com a questão como se o fato de a eleição ter ido para o segundo turno não fosse responsabilidade da própria campanha, de sua inoperância e primarismo em ações básicas.

Vários blogueiros (me incluo na lista), jornalistas na blogosfera e parlamentares petistas alertam para campanha sórdida feita na rede e fora dela demonizando a candidata Dilma e a direção da campanha não foi capaz de agir a contento ou por não dar o peso que deveria ter dado ou pela morosidade, ou por acreditar demais em marqueteiros.

Enfim, há tempo de se reverter esta onda de calúnia, falem abertamente sobre as calúnias, mas para além disso, o que está em jogo é muito mais que vaidades pessoais é um Brasil de inclusão e soberania ou um Brasil de privataria e entreguimos e exclusão. e não dá para perder tempo com chilique na timeline. Parem de agir feito baratas tontas e ao trabalho.

Aborto é armadilha da direita Por Altamiro Borges em seu Blog

Nas manchetes dos jornalões e nos monólogos da televisão, a direita tenta forçar a candidatura Dilma Rousseff a discutir unicamente o tema do aborto. A mídia evita tratar dos grandes temas nacionais, das diferenças abissais de projetos entre os dois concorrentes no segundo turno, e se esforça para impor uma pauta carregada de ignorância, preconceitos e dogmas religiosos.

A armadilha é visível. Na campanha, Dilma tratou o tema como uma questão de saúde pública, evitando visões simplistas. Já o demotucano Serra até poderia ser mais facilmente prejudicado pelos preconceitos. Como ministro da Saúde de FHC, ele liberou o uso da “pílula do dia seguinte”. Em 1998, ele também foi demonizado pela cúpula da Igreja Católica por normatizar a realização do aborto nos casos previstos em lei. Agora, ele simplesmente foi poupado pela direita e sua mídia.

A demonização de Dilma

Entre as baixarias da campanha da direita, muitos avaliam que este tema foi um dos responsáveis pelas surpresas nos últimos dias do primeiro turno – queda de Dilma Rousseff, identificada com as lutas feministas, e crescimento de Marina Silva, evangélica e conservadora. Serra, blindado pela mídia, acabou se beneficiando da polêmica travada entre as duas candidatas mulheres.

O jogo sujo foi pesado. A Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que contempla São Paulo, divulgou documentonas missas em que “recomenda encarecidamente” que não se vote em Dilma por ser “contra a vida”. Pela internet, um culto da Igreja Batista de Curitiba, visto por quase 3 milhões de pessoas, mostra cenas fortes de fetos mortos e despedaçados e o pastor pedindo que não se vote na petista, que “defende o aborto e o casamento gay”. Campanha fascista de boataria

O impacto desta boataria foi corrosivo. Marcelo Déda, reeleito em Sergipe, garante que “a queda de Dilma e o crescimento de Marina no final se deveu ao recrudescimento do fundamentalismo religioso. É o efeito do púlpito nas igrejas”. No mesmo rumo, Eduardo Campos, reeleito em Pernambuco, afirma que “nos últimos 15 dias, especialmente, houve uma campanha fascista de boataria”. O senador Marcelo Crivella, bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, lembra que “o pastor pode ter dificuldade para conseguir votos dos fiéis. Para tirar voto, o efeito é inverso”.

Apesar de vários alertas – o blogueiro Rodrigo Vianna foi um dos primeiros a advertir sobre os estragos nas bases católicas e evangélicas –, o comando de campanha de Dilma, sempre muito hermético, não percebeu o efeito nefasto da onda de boatos. Agora, finalmente ele reconhece que subestimou o tema. “Foi uma campanha perversa, com inverdades sobre o que penso, o que digo. Vamos fazer um movimento no sentido de esclarecer com muita tranqüilidade nossas posições... A gente percebeu tarde, mas percebeu”, explica a candidata. Da cegueira ao exagero

O comando de campanha afirma agora que a reconquista destes votos passou a ser prioridade no segundo turno. Ou seja, de um extremo ao outro – da cegueira ao exagero. De fato, é necessário esclarecer a sociedade, principalmente os setores religiosos mais conservadoras. Mas este não é o principal tema da campanha, nem sequer para os movimentos feministas mais lúcidos. Deve-se evitar a armadilha imposta pela direita. O que está em debate na sucessão é o futuro do Brasil.