Em greve, professores da rede estadual de ensino reailzam protesto na avenida Paulista. Em assembléia, os professores decidiram manter a paralisação por mais uma semana. Raimundo Paccó/Folha Imagem
"Caçambas para entulhos foram pintadas e receberam planta para colorir o cinza da cidade. Das 30 espalhadas pela capital paulista, vinte estão no no vão livre do Masp, na Avenida Paulista (Foto: Luísa Brito/G1)"
Aos olhos desavisados a segunda foto pode parecer simpática (eu acho que é de um mau gosto artístico, político e social). Mas vamos tentar relacionar estas duas imagens publicadas hoje na grande imprensa.
À revelia do capital, do poder instituído e da classe média surda e cega, a Paulista já se transformou em um lugar do povo. O MASP e o seu vão livre é o lugar de concentração daqueles que ainda se indignam com a barbárie. No atual contexto, colocar 20 caçambas no vão livre do MASP para quem está de olhos bem abertos é possível levantar algumas hipóteses: ou é uma ação proposital para impedir que ali ocorra as assembléias dos professores ou então é uma visível demonstração de que o poder municipal anda tão alheio ao que ocorre na administração estadual e às práticas sociais que nem se lembrou que este é um espaço simbólico de luta e não lugar para depositar arte de quinta (um desrespeito até ao acervo que se encontra sobre o vão livre).
A educação anda pelas tabelas, os professores massacrados, vilipendiados pelo Estado e pela sociedade civil que mantém seus filhos em escolas privadas e não tem compromisso algum com a educação pública. Tenho dúvidas quanto ao eufemismo que acabo de usar ao atribuir à 'classe média' a alcunha de 'sociedade civil'.
Ao invés de o Ministério Público investigar o porquê de os governantes do estado de São Paulo permitiram que a educação pública da maior secretaria de educação deste país chegasse ao fundo do posso, afinal, também somos o estado mais rico da federação, o MP paulista (como seus pares gaúchos que criminalizam os despossuídos ao invés de defendê-los) resolveu investigar os professores.
Eu sugiro que os promotores paulistas façam mesmo uma investigação séria. Que eles comecem pelas escolas das periferias da capital. Que eles cheguem às 7 horas, no primeiro turno, e saiam às 11 da noite, ao menos no decorrer de uma semana. Que observem bem a cara do Brasil real expressa nos olhos dos meninos e meninas, das moças e rapazes e dos bravos professores paulistas que ainda acreditam na escola pública. Sugiro ainda que investiguem a qualidade das apostilas produzidas pelos doutos do estado de São Paulo e vejam que espécie de 'encino' tal material propõe aos nossos estudantes.
Quem, sabe assim, com uma pequena dose de realidade inundando seus olhos ,eles descubram quem são os verdadeiros culpados deste 'caos' na paulista e no restante do nosso estado tão excludente.
Haja paciência para aguentar tanta inversão de valores.
**********
Extraído da Agência Estado
7/06/2008 - 20h07
MP-SP abre inquérito para apurar protesto de professores
O inquérito investigará ainda se o sindicato atendeu às exigências legais para fazer manifestações. É preciso avisar previamente a Polícia Militar (PM) e a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), para que monitorem o protesto e orientem as pessoas que estão no local. Nos dias das manifestações, bloqueios na avenida - normalmente já congestionada - causaram até 2,2 quilômetros de lentidão.
Um ofício do promotor de Justiça da Cidadania Luís Fernando Pinto Júnior reforçou o pedido de apuração. Ele encaminhou a petição à Promotoria de Habitação e Urbanismo e ela deve ser juntada ao inquérito de Stela Tinone. Ontem, a PM entrou com representação com a mesma solicitação ao Ministério Público.
Multa
Carolina Freitas