Acidente? Não, é a política do Pink para o trânsito da cidade

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São Paulo já deu o que tinha dar. Chega! Gastar uma hora pra percorrer 5 quilômetros com um Siena 1.8, melhor andar a pé, exercita o cárdio e passa menos raiva.

É isso mesmo, de minha casa à escola de minha filha são exatos 5 quilômetros que em qualquer cidade menos caótica que essa eu poderia percorrer em torno de 8 a 10 minutos sem abusar da velocidade. Mas não na São Paulo administrada pelo Pink. Impossível tal façanha por essas bandas.

Nesta Sampa o cálculo é outro: se um caminhão tombar na Cidade Jardim desista de seus compromissos na USP, se já está na USP, aproveita pra ler, porque você ficará horas sem poder se locomover, isso ocorreu na manhã de sexta-feira passada. É isso mesmo, essa cidade seqüestra uma liberdade individual dos cidadãos tão arduamente conquistada: o direito de ir e vir.

É ou não é sequestro da minha liberdade de ir e vir um trânsito caótico, estratosférico que rouba 1 hora do meu dia para que eu possa me locomover numa distância de 5 quilômetros?

Quem conhece a região Oeste (do Butantã ao Jaguaré) sabe que quem vem da Granja sentido Centro via Politécnica pode atravessar a Corifeu seguir adiante e entrar no portão 2 da USP ou encarar a Marginal; quem vem de Osasco sentido Centro pela Autonomistas corta caminho pelo portão 3, atravessando a USP sem enfrentar o longo trânsito da Corifeu.

Para quem como eu está indo no contraf-luxo (do Centro para os bairros ) não há motivo algum para enfrentar um trânsito descomunal como este de hoje pela manhã. De modo geral, o fluxo principal são dos bairros para o Centro e um tráfico um pouco mais intenso seria admissível se houvesse um acidente. Mas hoje, minha gente ,não teve acidente algum, pasmem vocês, a região inteira de Osasco até Pinheiros parou simplesmente porque é feriado no serviço público - dia do servidor público-, e os portões da USP fecharam.

O Pink precisa pedir ao Cérebro pra não sacanear tanto assim a população paulistana. Não é possível que o fechamento de dois simples portões pare a cidade, ou é?


Vi muitos eleitores do Kassab bufando, suarentos nos seus automóveis. Não resisti, perguntei a eles qual era o projeto político do candidato deles para melhorar o trânsito da cidade. Vejam vocês que o tráfico estava tão parado, mas tão estático, que dava para os motoristas conversarem sem pressa alguma. Eu na pista do contra-fluxo conversei com os motoristas na pista sentido bairro-Centro.

Os eleitores do Kassab colocavam a culpa no feriado do servidor público que fechou os portões da USP. Simples assim. Então eu disse: Ah! O Kassab então tem de avisar ao Serra pra não sacanear a gente, né? Dia de servidor público tem de deixar os portões da USP abertos pra desafogar o fluxo de carros e abrir mais alternativas em uma cidade que está estrangulada em sua capacidade de ir e vir.

Os motoristas de ônibus tentavam falar uns com os outros pra saberem o que havia. Os que vinham de Osasco falavam para os que vinham do Centro: tá tudo parado, calcula aí umas duas horas, o outro balançava a cabeça desconsolado e avisava ao amigo: xiiii até a Rebouças vai mais, tá embaçado e cara, não teve um único acidente!

O Picolé de Xuxu, esse ex-govenador inútil e enterrado politicamente pelo Cérebro, quando ocupou o cargo de governador (porque governar é outra coisa) permitu que o reitor da USP vetasse a construção de uma estação de metrô no Hospital Universitário. Para o reitor da USP para que uma estação de metrô dentro da universidade próxima ao Hospital Universitário, não é mesmo? Claro que a imprensa não deu uma linha sobre este modo privatizado de lidar com a coisa pública, afinal metrô e hospital público são coisas de pobre, uspianos que se prezam têm de ir de carro para a universidade e de ambiente para pobre já basta o Hospital que é obrigatório para uma universidade que tem curso de medicina e pretende ser referência no país...

Um metrô na altura do Portão 3 da USP interligaria o Rio Pequeno, um bairro com mais de 100 mil habitantes, ao resto da cidade, facilitaria a vida dos moradores do Jaguaré e até mesmo a dos de Osasco que poderiam poupar um bom tempo do percurso gasto com ônibus. Mas parece que o que menos interessa ao demo-tucanato é facilitar a vida da população sofrida desta cidade.

Quanto a mim, consegui, finalmente, voltar pra casa depois de uma hora perdida para percorrer cinco quilômetros. Senti uma vontade imensa de largar o carro no meio da pista e fazer como William Foster (a personagem de Michael Douglas em um Dia de fúria). Só que meu bastão de beisebol eu usaria nas cabeças duras e insensíveis do Cérebro e do Pink.