GLOBO TRABALHA PARA SERRA E LEVA SURRA DA RECORD NO IBOPE

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RODRIGO VIANNA

segunda-feira, 20 de outubro de 2008 às 09:32

A Globo tem (por enquanto) mais jornalistas do que a Record.
A Globo tem (por enquanto) mais equipes na rua do que a Record.
Mas a Globo tem uma direção de Jornalismo "aloprada".

A emissora do Jardim Botânico transformou a cobertura da "guerra entre as polícias" de São Paulo num diário oficial de José Serra.

A ordem era proteger o governador, dizem-me colegas que trabalham na Globo de São Paulo, e que pedem anonimato.
Conversei sábado com três deles: a orientação aos editores era botar no ar trechos imensos de uma entrevista chapa-branca com o Serra, escolhidos a dedo pela direção global - e não pelos (bons) jornalistas responsáveis pelos noticiários.

O público percebeu que a Globo (mais uma vez, como em 2006) preferiu deixar o jornalismo de lado.
E, por isso, na sexta-feira, a Globo levou uma surra inesquecível na audiência.

Às 13h30, o Ibope mostrava números quase inacreditáveis:
- a Record (com a "guerra entre as polícias") estava com 12 pontos;
- a Globo não chegava a 7;
- o SBT tinha mais de 6.
Faltou pouco para a Globo ficar em terceiro lugar!

No começo da noite (19h06, para ser exato), outra surra:
- a Record (com as notícias sobre o trágico desfecho do sequestro em Santo André) estava com 21 pontos;
- a Globo tinha 15.

A família Marinho deve agradecer a Ratzinger pelo belíssimo serviço!
O "estrategista" do Jornalismo da Globo faz os seus arranjos com o poder, enquanto a turma da Record vai pra rua gravar. O resultado é esse que vimos acima.

A proximidade do Ratzinger global com Serra não vem de hoje.

Quando saí da Globo, em 2006, escrevi uma carta interna para os colegas, em que rememorei - entre outros - o episódio das "perguntas feitas sob encomenda" para José Serra, numa entrevista ao vivo no SP-TV, às vésperas da eleição.

Três jornalistas, diretamente envolvidos na entrevista, contaram-me essa história, ali, nos corredores da Globo:
- as entrevistas com os outros candidatos a governador de São Paulo (Plinio, Mercadante...) foram feitas sem interferência, com perguntas duras, como é de se esperar numa cobertura normal;
- na vez do Serra, Ratzinger pediu pra ver as perguntas que seriam feitas; e, desde sua caverna no Rio de Janeiro, deu ordens pra mudar tudo, e aliviar as coisas pro tucano.

Serra nem precisava de ajuda. A eleição estava ganha.

Mas Ratzinger não resiste: é um manipulador nato, um agente das sombras.
Ainda vai provocar muitos estragos para a audiência da Globo.