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Texto por Francine Malessa, convidada especial.
Abra uma janela de pesquisa na internet e digite “técnica da Seleção Brasileira”. Não se assuste, vai aparecer justamente a foto do Tite no lugar da Emily Lima e, sim, o Tite é o técnico da Seleção Brasileira – Masculina. Enquanto isto, a técnica da Seleção Feminina aparece em terceiro lugar entre os resultados. Isto sem falar de alguns corretores que não reconhecem a palavra “treinadora”, sempre indicando a normativa masculina.
Agora faça outra experiência. Busque por “árbitra de futebol no Brasil”. Em primeiro lugar está a listagem de árbitros da CBF seguido por “Bandeirinha mais bonita do Brasil ganha destaque na mídia” e “7 árbitras e bandeirinhas que batem um bolão”. Mas não vamos ser pessimistas ou começar com “mimimi” e vamos tentar pesquisar por “torcedoras”. Além das imagens de mulheres vestidas com roupas sensuais, o termo “bela” domina nas chamadas dos resultados sugeridos. Já podemos declarar mais um “7x1” para as mulheres no futebol.
Provavelmente dois argumentos passaram pela cabeça de algumas pessoas como o “PageRank”, a medida de importância de uma página, e o clássico “mas elas aceitaram aparecer assim”. Desta forma é bom lembrar que o sistema é quem está errado e não elas. O mesmo sistema que não as reconhecem em uma pesquisa ou as enquadra em estereótipos. Ninguém tem culpa em se sujeitar a padrões já impostos pelos hábitos que nos enquadram desde que nascemos. E é justamente para reivindicar um espaço mais igualitário para as mulheres no futebol, sem as reduzirem à sua beleza como um simples bibelô na arquibancada ou nos gramados, que a ação #MulheresNoFutebol surgiu.
O objetivo da campanha é dar espaço para as mulheres que convivem neste universo ainda predominantemente masculino e que as coloca em um aspecto de invisibilidade compartilhar suas histórias. Não é mentira que hoje elas participam mais, mas a que custo? Sob quais condições? As mulheres estão nos estádios, mas ainda são alvo de comentários machistas. Elas estão na arbitragem, mas somente são reconhecidas pela sua beleza e não pela capacidade técnica. As atletas vivem em condições muitas vezes precárias devido à falta de incentivo dos clubes, até mesmo aquelas que vestem a camisa verde e amarela. Já as treinadoras não podem errar uma escalação (como a maioria dos treinadores faz), que serão julgadas e expurgadas da casamata. Comentaristas pouco se vê, e as jornalistas que cobrem o esporte precisam provar duas vezes o seu conhecimento e capacidade profissional, ou então consideram que estão ali apenas para se exibir. Mas é claro que nem só de aspectos negativos vivem as #MulheresNoFutebol. Há muitas histórias bonitas, de amor ao time, de resistência, de reconhecimento. E nós queremos saber de todas elas. Portanto, hoje é dia de visibilidade para, quem sabe, figurarmos entre os “melhores resultados para você”.
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