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Por Thaís Campolina
O machismo ultrapassado de Michel Temer deu as caras desde suas indicações para assumir os ministérios do governo federal: com maioria de nomes masculinos e acusados de corrupção indicados, o Brasil caiu ainda mais no ranking de representatividade de mulheres em cargos ministeriais.
No dia da mulher, o discurso do peemedebista reduziu a contribuição das mulheres para a sociedade ao cuidado da casa, dos filhos e ao gerenciamento das compras de supermercado. Sua fala ignorou que o cuidado dos filhos e da casa ser visto como uma responsabilidade feminina é fruto da divisão sexual do trabalho e tem como consequência mulheres em dupla/tripla jornada.
O discurso do oito de março de Temer tem um adendo ainda pior: a reforma da previdência defendida por ele coloca como uma necessidade igualar as regras de aposentadoria entre homens e mulheres. A diferenciação entre homens e mulheres na hora de aposentar existe justamente porque a sociedade machista coloca o cuidado de filhos, idosos e da casa como uma responsabilidade feminina, o que, na prática, sobrecarrega mulheres com um trabalho que segue invisível numa cultura dominada pelo machismo. Ao analisar a reforma pretendida e a fala dele, é visível que ele defende a manutenção da exploração do trabalho invisível das mulheres.
No programa do Ratinho, Michel Temer ao ser questionado sobre a crise fiscal, afirmou que "os governos agora precisam passar a ter marido, viu, porque daí não vai quebrar". Tanto Ratinho, quanto Temer, utilizaram analogias de orçamento familiar para tratar sobre questões de orçamento público, o que por si só já é um problema por ser um erro de análise econômica. A fala consegue ser ainda pior por partir do pressuposto que os homens são os que sabem controlar o dinheiro, enquanto as mulheres são “gastadeiras”. Mais uma vez, Temer ignorou que mulheres são diversas e reiterou estereótipos de gênero. Ele e Ratinho precisam descobrir que vivem numa década em que mulheres trabalham em diferentes áreas, incluindo economia.
O local da mulher no discurso de Temer e cia segue sendo o de subalterna e suas reformas querem manter as mulheres assim, já que as propostas ignoram fenômenos importantes como a feminilização da pobreza. A reforma trabalhista e a terceirização, assim como a reforma da previdência, afetam em cheio as mulheres, já que por causa do machismo - e no caso das negras, também o racismo - elas são ainda mais vulneráveis ao que é proposto.
Temer diz querer modernizar o Estado e as relações trabalhistas, mas segue ignorando o trabalho invisível que sobrecarrega as mulheres, alimentando estereótipos machistas e propondo retrocessos nos direitos sociais. Temer não busca modernização, ele busca a manutenção de privilégios de uma classe composta por homens brancos poderosos.
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Leia nosso texto sobre a reforma da previdência aqui.