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Se eu posso, como mãe, desejar alguma coisa e alguma linda criatura me atender – seja fada que bate asas de purpurina, seja um deus em que não acredito ou um orixá que eu desconheço...
Eu desejo que mes filhes confiem em mim.
Que o meu colo seja sempre um porto seguro para eles.
Que no momento da dor, do medo, do erro, do arrependimento, da vergonha, eles jamais deixem de me procurar por receio do que eu vá fazer com eles, ou com outras pessoas, ou do que aquilo vá fazer comigo.
Que eles nunca tenham medo de me partir ao meio com sua tristeza.
Ó, deusa, santos, elementais, espíritos que talvez caminhem na Terra e todos os anjos que por aqui pairarem, ouçam o meu pedido desesperado e sincero e comovam-se com ele: que nunca uma das minhas crianças, seja qual for a sua idade, chore sozinha escondida de mim.
Eu sei que para viver de verdade a gente tem que se arriscar a sofrer; por isso, eu me resigno, eu me conformo, eu aceito que elas sofrerão. Eu tento.
Mas eu imploro, eu rogo, com meus infiéis joelhos fincados no chão e a minha alma nas minhas mãos, que eu tenha forças para ver suas lágrimas sem tentar enxugá-las, que eu tenha coragem de ouvir seus lamentos sem querer silenciá-los, que eu tenha serenidade para empatizar com elas sem roubar-lhes o protagonismo.
Que elas jamais sintam que, para mim, suas angústias são um fardo ou suas aflições são um incômodo.
Que elas sempre saibam que eu preferiria mil vezes morrer chorando e segurando a mão delas a seguir vivendo sem saber que, quando as luzes se apagam e ninguém está vendo, elas silenciosamente choram até dormir.
Amém.