*Comentário de hoje do Fala, Rovai, assista aqui em vídeo ou leia a transcrição a seguir
Dias Toffoli, aquele juiz do STF que votou pelo habeas corpus com Gilmar Mendes para que Lula não pudesse ser ministro da Casa Civil da então presidenta Dilma, que apoiou o golpe contra ela, que levou generais para estarem junto com ele na assessoria do Supremo. O mesmo Toffoli negou ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva que fosse para o velório do seu irmão. Que impediu que Lula se despedisse de um irmão da vida inteira que veio lá de Garanhuns com ele, junto com a dona Lindu, de pau de arara para o Guarujá. Que de lá foi para São Bernardo e que fizeram carreiras e que viviam juntos dias antes da prisão de Lula -- e eu fui testemunha disso quando os vi conversando no lançamento do livro A Verdade Vencerá, organizado pela Boitempo. Toffoli é o juiz que impediu Lula de se despedir deste irmão.
Toffoli é este mesmo personagem que hoje pariu um documento histórico que deve ser publicado em livros escolares de história do Brasil. E eu vou reproduzir trechos deste documentos aqui.
Mas antes quero falar que a mídia tradicional deveria fazer essa mesma autocrítica de Toffoli. Porque ela pariu e fez crescer a Lava Jato, reverberando tudo que vinha de Curitiba como verdade absoluta e dando prêmios do ano para Moro, Dallagnol e et caterva.
Esses jornalistas e esse jornalismo também precisam pedir perdão, ajoelhar no milho e dizer que ajudaram a levar o Brasil para um momento dramático.
O jornalismo é passível de erro. E quando gente erra, deve ir lá e dizer errei. Não se deve ter compromisso com o erro.
O jornalista Vladimir Neto escreveu um livro inteiro de umas 300 páginas fazendo holas a Lava Jato. Vera Magalhães chamava Moro de enxadrista. E agora? Nada? Nem um erramos no canto da página?
Mas vamos voltar à decisão do Toffoli, ela precisa ser enquadrada. Precisa ter trechos impressos e distribuídos nos pedágios, nas filas dos ônibus, nos campos de futebol....
Seguem alguns trechos:
“Pela gravidade das situações estarrecedoras nesses autos, somadas a outras tantas decisões exaradas e também tornadas públicas e notórias, já seria possível concluir que a prisão do reclamante Luiz Inácio Lula da Silva até poderia ser chamado de um dos maiores erros judiciais da história do país.
Mas, na verdade, foi muito pior.
Tratou-se de uma armação, fruto de um projeto de poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquista do Estado por meios aparentemente legais, mas com métodos e ações contra a legem.
Digo sem medo de errar, foi o verdadeiro ovo da serpente dos ataques à democracia e às instituições que já se pronunciavam em ações e vozes desses agentes contra as instituições.
Houve esse choque por autoridades que fizeram um desvio de função agindo em conluio para atingir instituições, autoridades e empresas em alvos específicos.
Sob objetivos aparentemente corretos e necessários, mas sem respeito à verdade factual, decisões judiciais subverteram provas, agiram com parcialidade, vide citada a decisão do Supremo Tribunal Federal e fora de sua esfera de competência.
Enfim, em última análise, não distinguiram propositadamente inocentes de criminosos. Valemo-nos, como já disse em julgamento da segunda turma, de uma verdadeira tortura psicológica. Um pau de arara do século XXI para obter provas contra inocentes.”
Segue o texto, mas, sinceramente, não sei se preciso reproduzir mais....mas enfim, vale pelo registro.
“Esse vasto apanhado indica que a parcialidade do juízo da 13ª vara federal de Curitiba extrapolou todos os limites e, com certeza, contamina diversos outros procedimentos, porque os constantes ajustes e combinações realizados entre o magistrado e o parquet e apontados acima representam um verdadeiro conluio a inviabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa.”
E aí toma a decisão em relação à questão da Odebrecht e de tudo o que foi feito nessa operação absurdamente abjeta chamada Lava Jato.
Este veredito de Toffoli, ao meu ver, simplesmente coloca todo o debate sobre a Lava Jato, que já era, estrondosamente desfavorável a eles, em algo muito maior.
A Lava Jato precisa fazer parte dos livros de história como o maior golpe político da história do Brasil, que só não nos sufocou numa ditadura porque tínhamos um homem que mesmo depois de 580 dias preso conseguiu ganhar a eleição.