No começo da década de 1990 o Planet Hemp surgiu com o disco “Usuário” (1995), cuja música “Legalize Já” se tornou um hino e tocava sem parar nas rádios.
Para uma época em que não existiam redes sociais e a discussão sobre o uso recreativo e medicinal da cannabis ainda era muito restrito, pode-se dizer que o primeiro disco da banda foi um marco.
Porém, após um sucesso meteórico, a banda se separou no começo do século XXI deixando um séquito de fãs órfãos.
Mas, depois de 21 anos, a banda volta a se reunir para se apresentar e também divulgar três músicas inéditas, que serão tocadas neste sábado (7) no show agendado para acontecer na Fundição Progresso, na Lapa (RJ).
Em entrevista ao O Globo, o vocalista da banda, Marcelo D2, revela que o retorno da banda, após duas décadas, é como se "uma menina que acorda depois de duas décadas adormecida […] ela olha para o país, e abismada com o retrocesso, não acredita no que vê".
"É quase como se o comissário Gordon, do Batman, projetasse no céu a folha de maconha e chamasse os maconheiros para ajudar nessa causa, que o negócio aqui está brabo […] para começar a escrever uma letra do Planet Hemp, você engatilha a caneta como se fosse arma. O Planet Hemp pode ser necessário para os fãs, mas se faz ainda mais necessário para nós, como artistas", analisa D2.
A reunião do Planet Hemp vai contar com BNegão, já Black Alien deve participar de algumas faixas, mas a sua participação em futuros shows do Planet Hemp é incerta.
Puxa Fumo
As três novas músicas que serão apresentadas neste sábado são: 'Taca fogo", "Distopia" (esta com a participação de Criolo) e "Puxa Fumo".
De acordo com Marcelo D2, a banda já possui "umas 16 músicas", mas que, ao invés de serem lançadas em formato álbum, serão divulgadas em blocos.
O vocalista e um dos fundadores do Planet Hemp garante que a essência da banda estará presente nas músicas novas.
Mamadeira de Piroca
Na entrevista ao O Globo, D2 afirma que, apesar do Brasil ter avançado em alguns temas como o uso medicinal do canabidiol e defesa das minorias, é o mesmo que acredita que na mamadeira de piroca.
"Eu diria que, de 1994, quando começamos, para cá, a gente piorou muito em termos políticos. Pelo menos naquela época o Brasil tinha uma certa esperança", analisa D2.
Por fim, Marcelo D2 lembra do fatídico novembro de 1997, quando a banda foi presa em Brasília acusada de fazer "apologia às drogas".
"Na época foi um estouro, todo mundo falando em tal, mas hoje o alcance é diferente. Mas, vivemos num país em que uma vereadora (Marielle Franco) foi assassinada a sangue frio, o que é prender uma banda de rock?", questiona D2
Com informações d'O Globo