Depois de receber alta hospitalar na manhã deste domingo (15), o presidente Lula fez uma aparição surpresa durante coletiva de imprensa no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP).
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Ele expressou gratidão a Deus, aos profissionais de saúde e a Janja por cuidarem dele durante a recuperação, destacou sua disposição e disse estar pronto para retomar os trabalhos pelo Brasil
“Estou voltando com muita tranquilidade. Tenho um compromisso com o povo brasileiro e quero deixar a Presidência do mesmo jeito que deixei em 2010, de cabeça erguida, com um Brasil melhor.”
Em tom descontraído, Lula ironizou sua aparência após a cirurgia, ao explicar o uso do chapéu.
“Eu pus um chapéu para vocês não verem o curativo. Teoricamente, sou bonito, mas, na prática, minha cabeça está me deixando um pouco feio”, brincou.
A história do chapéu de Lula
O chapéu usado por Lula é o Panamá, que apesar do nome, tem origem no Equador e nunca foi produzido no país homônimo. Além do objetivo prático explicado na coletiva para o uso do chapéu, o presidente também agregou elegância e fortaleceu sua conexão com a cultura popular latino-americana.
Peles redes sociais, Lula perguntou aos seguidores sobre o chapéu.
Aqui na América Latina, o revolucionário Ernesto "Che" Guevara foi frequentemente fotografado com o chapéu em regiões tropicais durante suas campanhas na década de 1960.
O escritor colombiano Gabriel García Márquez, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, utilizava o chapéu como marca registrada em eventos públicos. Márquez, um dos principais expoentes da literatura latino-americana, incorporava o acessório como um símbolo de sua identidade cultural e regional.
O chapéu também deixou sua marca no Caribe, especialmente com Nicolás Maduro, presidente da Venezuela. Em aparições públicas, ele utiliza o acessório para reforçar o estilo caribenho e sua identificação com a cultura popular da região.
O chapéu Panamá transcendeu fronteiras e tornou-se um ícone mundial, adotado por líderes políticos, intelectuais e figuras influentes ao longo dos séculos.
Roosevelt lançou moda
Em 1906, o então presidente dos EUA Theodore Roosevelt popularizou o chapéu durante sua visita ao Canal do Panamá. As imagens de Roosevelt com o acessório em meio às obras do canal deram ao chapéu status internacional, consolidando-o como um item prático e elegante.
Na política britânica, o ex-primeiro-ministro Winston Churchill usava o chapéu Panamá em eventos informais e viagens a climas tropicais durante as décadas de 1940 e 1950.
Na Europa do século XIX, o imperador francês Napoleão III popularizou o chapéu ao recebê-lo durante a Exposição Universal de Paris, em 1855. O acessório rapidamente conquistou a alta sociedade europeia, tornando-se um item indispensável de elegância e sofisticação na aristocracia.
No Oriente Médio, o atual rei de Marrocos, Mohammed VI, é frequentemente fotografado com o chapéu Panamá em visitas oficiais e eventos em climas tropicais, consolidando sua imagem de líder moderno e global.
Edward VIII, rei do Reino Unido na década de 1930, aderiu ao estilo. Membros da família real britânica de hoje, como o rei Charles e o príncipe Harry, continuam a usar o chapéu em eventos ao ar livre e viagens tropicais, mantendo sua relevância como um item de estilo atemporal.
Nos Estados Unidos, o magnata J.P. Morgan, um dos maiores nomes do capitalismo industrial no final do século 19 e início do século 20, transformou o chapéu Panamá em um símbolo de poder e status. Seu uso disseminou o acessório entre as elites financeiras e industriais da época.
O famoso gangster Al Capone era frequentemente fotografado com um chapéu Panamá, combinando o acessório com seus ternos elegantes. O chapéu tornou-se parte do imaginário popular sobre a máfia dos EUA.
História do chapéu
Tradicionalmente, o chapéu Panamá é confeccionado a partir das folhas trançadas da planta Carludovica palmata, conhecida localmente como palha toquilla ou jipijapa. Essa planta, característica da costa equatoriana, é o segredo da leveza, flexibilidade e durabilidade que tornaram os chapéus mundialmente famosos.
A habilidade de tecer esses chapéus data do século XVI, quando os conquistadores espanhóis encontraram no Equador peças feitas com a palha toquilla. A produção se desenvolveu como uma atividade artesanal ao longo da costa equatoriana e nos vilarejos andinos, como Montecristi e Cuenca.
No século XIX, Manuel Alfaro, um ex-oficial espanhol exilado, impulsionou a exportação dos chapéus, enviando-os para os portos movimentados do istmo do Panamá.
Os viajantes, especialmente durante a Corrida do Ouro da Califórnia, compravam os chapéus no Panamá, o que popularizou o termo "chapéu Panamá".
Em 2012, a UNESCO reconheceu a técnica de tecelagem do chapéu Panamá como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. A tradição é passada de geração em geração, com os tecelões dedicando meses de trabalho para produzir peças de qualidade superior.
Processo de produção
A criação de um chapéu Panamá envolve duas etapas principais: tecelagem e modelagem (blocking). Existem diferentes padrões de trama, como:
- Cuenca: apresenta um padrão semelhante a espinha de peixe.
- Brisa: possui formato de pequenos diamantes ou quadrados e é mais leve.
Os chapéus de maior qualidade, conhecidos como Montecristis, são tecidos manualmente com até três mil tramas por polegada quadrada.
Um chapéu desse nível pode levar até oito meses para ser concluído, com um valor de venda que varia de US$ 450 a US$ 10 mil fora do Equador. No entanto, os artesãos recebem apenas uma pequena fração desse preço.
Desafios atuais
Atualmente, a produção enfrenta desafios como a concorrência de produtos industrializaos e a falta de interesse das gerações mais jovens.
Os mestres tecelões, que dedicaram décadas ao ofício, estão envelhecendo e poucos aprendizes conseguem replicar a habilidade necessária para criar chapéus de alta qualidade.
O chapéu Panamá continua a ser um símbolo de elegância e sofisticação, sendo amplamente usado como acessório de verão por homens e mulheres em todo o mundo.