De Baku, Azerbaijão -- Depois de mergulhar nos detalhes de dez projetos financiados pelo Banco Mundial para "adaptação" climática, a ONG Care concluiu que seis deles hoje penalizam os países com juros altos.
De acordo com a entidade, os devedores"estão diante de um aumento de 35% na dívida desde que os acordos foram feitos em 2021".
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Ironizando, os autores do texto crítico ao Banco Mundial, publicado por outra ONG ambientalista, a Eco, explicaram: "Os juros mundiais tiveram alta muito maior que a da pressão sanguínea de um lobista dos combustíveis fósseis numa cúpula do clima".
Eles registram que nos Estados Unidos, depois de quase dez anos de juros próximos de zero, a taxa agora é de 5%.
Os efeitos são imediatos, previsíveis e devastadores. Os países que emprestaram são forçados a desviar dinheiro do sistema de saúde, educação e serviços sociais para pagar a dívida. [...] Financiamentos para adaptação que dependem de empréstimos em vez de subsídios provocam o risco de trancar países pobres em ciclos de dívida, reduzindo sua habilidade de investir na resiliência contra impactos climáticos.
Pobres mais endividados
Os autores citam um estudo do Banco Mundial segundo o qual os 26 países mais pobres do mundo estão hoje mais endividados do que em 2006.
Sempre segundo o texto, o Fundo de Perdas e Danos criado pela ONU não deu conta de arrecadar dinheiro suficiente, levando os países a recorrer ao Banco Mundial para projetos de emergência climática.
De acordo com a Care:
O financiamento da adaptação é dominado por empréstimos, especialmente do Banco Mundial. Do total de U$ 28 bilhões de dólares em compromissos de financiamento da adaptação relatados em 2022, o Banco Mundial contribuiu com 43%, ou U$ 12 bilhões de dólares.
41% dos empréstimos foram na carteira conhecida como "sem-concessões", que segundo a Care "podem ser custosos e somam na dívida nacional".
O Banco tem uma carteira específica para, em alguns casos, oferecer empréstimos com juros fixos e próximos de zero -- mas não abre mão de receber o dinheiro de volta.
Os autores da denúncia afirmam:
Como exatamente as comunidades em Uganda ou no Nepal geram os lucros [para poder pagar os empréstimos] no gerenciamento da água ou na prevenção de enchentes?
O Eco pede às Nações Unidas que priorize a oferta de subsídios -- não empréstimos -- aos países de baixo desenvolvimento para adaptação e cobertura de perdas e danos de catástrofes climáticas.
Cobra do Banco Mundial transparência sobre os juros cobrados.
Resume:
A sobrevivência não deveria ser acompanhada por um plano de repagamento.