Em meio a ataques de aliados comandados por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o governador Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) abandona São Paulo mais uma vez nesta segunda-feira (29) e cumpre agenda exclusiva em Brasília, onde visitará o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na mansão onde ele se encontra preso para falar sobre "anistia" e temas relacionados às eleições de 2026.
Tarcísio reservou das 10h às 14h para a "viagem à Brasília", segundo a agenda oficial, após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), liberar o encontro com o ex-chefe, condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a organização criminosa que tentou um golpe de Estado.
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No final da última semana, ao culpar Eduardo Bolsonaro pela implosão da direita, Tarcísio mandou recados pela mídia liberal ameaçando deixar o posto de candidato "anti-Lula" da Terceira Via.
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Pivô do "VTNC SEU INGRATO DO CARALHO" - mensagem enviada por Eduardo ao pai após Bolsonaro classificá-lo como "imaturo" nos ataques ao governador paulista -, Tarcísio tem usado "colonistas" da mídia liberal para fazer a ameaça em meio à exposição pública da reprimenda do ex-presidente ao filho.
No entanto, horas depois, O presidente do PSD, Gilberto Kassab, assessor especial do governador, voltou a dizer que Tarcísio é o plano A do partido para a disputa presidencial de 2026, mantendo seu radar também nos governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSDB-RS) como alternativas para uma composição de centro-direita.
“A eleição presidencial é algo muito sério e o PSD felizmente tem seu rumo. Nosso rumo é com o governador Tarcísio, Ratinho, ou Eduardo Leite. Entendo que Tarcísio tem grandes chances de unir todos no primeiro turno e, caso ele não seja candidato, é uma decisão dele, poderemos estar todos juntos no primeiro turno e no segundo turno também”, afirmou Kassab.
O tema deve ser tratado diretamente com Bolsonaro no primeiro encontro após a condenação do ex-presidente por tentativa de golpe.
No início da semana, articuladores da candidatura Tarcísio chegaram a divulgar que Bolsonaro anunciaria apoio ao governador paulista para a disputa presidencial. No entanto, as especulações aumentaram a ira de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, que iniciaram uma série de ataques aos aliados "oportunistas", que querem apenas o espólio eleitoral do pai.
"Anistia"
A costura vem sendo feita por Ciro Nogueira, presidente do PP e líder da federação com o União, que busca se colocar como candidato a vice de Tarcísio, escanteando qualquer representante do clã Bolsonaro na chapa.
Juntamente com o grupo de Michel Temer (MDB) e Aécio Neves (PSD), mais ligados à direita fisiológica, Nogueira sinalizou apoio ao PL da Dosimetria, relatado por Paulinho da Força (Solidariedade-SP), como alternativa à anistia para livrar Bolsonaro de uma prisão na Papuda.
A proposta, que trabalha para que o ex-presidente siga cumprindo a prisão em domicílio, teria como contrapartida que Bolsonaro abra mão de tentar reverter a inelegibilidade e lance seu apoio a Tarcísio - o que enfureceu ainda mais os filhos.
Esse tema também será tratado pelo governador paulista no encontro com Bolsonaro. Tarcísio deve costurar com o ex-presidente uma uniformidade de discurso para unir a direita.
O grande problema são os filhos, em especial, Eduardo Bolsonaro. O pai chegou a enviar o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), aos EUA para dar um "cala a boca" em Eduardo - que atrapalha as negociações comandando os ataques contra aliados.
O filho "03", no entanto, segue irredutível. Neste domingo (28), Eduardo compartilhou uma publicação na rede X em que o irmão, Carlos, volta a atacar aliados.
"Mais uma vez surge o discurso: o grande adversário num regime de exceção seria o Lula. Claro - cá estamos, com o convite à união: entreguem tudo e esperem receber em troca apenas escravidão e aniquilação. Cinismo puro", escreveu o vereador.
"Os paladinos da chamada “união da direita” defendem, na prática, uma submissão dócil ao seu projeto de poder, disfarçada de “pacificação”. Convocam: “venham e se submetam, escravos” - e chamam isso de moderação. Nenhum desses pregadores está disposto a ceder. O dogma da união serve, antes, aos interesses escusos de quem o proclama", emendou, em novo ataque aos aliados.