EVANGELISTÃO

Deputado, pastor rebate Malafaia e diz estar falando com "crente que não é gado"

Otoni de Paula, que rompeu com Bolsonaro após ser traído na eleição para liderança da bancada evangélica, virou alvo de Malafaia após conceder entrevista para a GloboNews desmascarando a narrativa de "perseguição religiosa".

Otoni de Paula e Silas Malafaia.Créditos: Kayo Magalhães Câmara / Youtube
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Alvo da fúria de Silas Malafaia após dizer na Globo News que o colega "exagerou na fala" e deveria "pedir perdão para a igreja" ao comentar as trocas de mensagens com Jair Bolsonaro (PL), o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) rebateu o guru do ex-presidente dizendo que ele fala com "crente que não é gado".

A alfinetada de Paula, que rompeu com Bolsonaro após ter sido traído na eleição para a liderança da bancada evangélica, acontece após Malafaia o eleger como um dos alvos preferenciais entre os religiosos.

"O DESESPERO DA GLOBO NEWS! A imprensa oficial de Alexandre de Moraes , usou um pastor que é deputado para me atacar . Falso moralista , típico dos fariseus do tempo de Jesus , acaba de ser exposto em um vídeo xingando", bradou Malafaia, em letras garrafais, na rede X.

Ao portal Uol, Otoni de Paula afirmou que "não está havendo perseguição religiosa contra o pastor [Malafaia]".

Colocaram a igreja dentro de um balaio de gato da política e, quando ele [Malafaia] fala que o processo contra ele é uma perseguição, ele coloca a igreja mais ainda nesse balaio. Ainda que a nossa preferência tenha sido Bolsonaro [nas eleições de 2022], a igreja não é Bolsonaro, a igreja também não é Lula. A igreja é o evangelho", diz.

"Se ele estivesse em um inquérito policial por ter orado, evangelizado em praça, seria perseguição religiosa, mas não é o caso. Em todo o tempo, ele atacou a Suprema Corte", emenda.

O deputado emedebista ainda afirmou que as críticas são direcionadas para uma parcela da comunidade evangélica.

"Quando eu critico, estou falando com o povo evangélico que tem sido humilhado pela política. Estou conversando com o campo do crente que não é gado, que é a maioria. Eles querem a polarização de ideias, não a polarização de ídolos, de adoradores de Lula e Bolsonaro", cutucou.

Dobradinha com Mendonça

No centro do noticiário político e de polícia nesta semana, o pastor Silas Malafaia fez dobradinha com o ministro "terrivelmente evangélico" André Mendonça para atacar o colega de Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e enfatizou a narrativa de "atentado contra a liberdade religiosa" em nota publicada na rede X na noite desta sexta-feira (22).

Por volta das 18h21, Malafaia compartilhou o vídeo em que Mendonça desfere ataques a Moraes em evento do grupo Lide, de João Doria, no Rio de Janeiro.

Indicado por Bolsonaro à corte, o pastor colaborador da Igreja Presbiteriana de Pinheiros fez um ataque velado - e raivoso - ao colega, criticando "juiz militante" e o "ativismo judicial" o que, segundo ele, passa a impressão do país viver um “estado judicial de direito”.

Em resposta à altura horas depois no mesmo evento, Moraes defendeu a democracia, dizendo que "somente nas autocracias o autocrata pode querer exercer sua liberdade sem limites e não ser responsabilizado" - em claro recado a Bolsonaro -, e mandou um recado a Mendonça.

"O Judiciário vassalo, covarde, que quer fazer acordo para que o país momentaneamente deixe de estar conturbado, não é um Judiciário independente. O juiz que não resiste à pressão deve mudar de profissão e buscar outra atividade na vida".

Após a resposta de Moraes, Malafaia foi às redes e compartilhou apenas a fala de Mendonça: "o povo brasileiro e a imprensa precisam ouvir isso", escreveu o guru.

A dobradinha entre Malafaia e Mendonça, no entanto, teria começado na quarta-feira (20), quando o pastor midiático foi alvo de operação de busca e apreensão pela Polícia Federal, autorizada por Moraes, ao desembarcar no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, retornando de uma viagem a Portugal.

No Supremo, o ministro terrivelmente evangélico teria tido um chilique com a investigação sobre o guru, tentando convencer colegas de corte e até o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB) de que a investigação contra Malafaia iria aprofundar a crise política e "enfurecer" os evangélicos".

O conchavo entre os dois pastores se mostrou ainda na mudança de tom da defesa de Malafaia que encampou, em nota divulgada pelo pastor na rede X às 21h27 desta sexta-feira, a narrativa de "perseguição religiosa", que já vinha sendo proliferada timidamente pelo guru de Bolsonaro.

"Transformar opiniões legítimas em suspeitas de crime, isto sim, é ATENTADO CONTRA A DEMOCRACIA E LIBERDADE RELIGIOSA", diz o texto assinado pelo advogado Jorge Vacife Neto, destacando os termos em letras garrafais, dois dias após a operação contra o pastor.

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