VIROU CHACOTA

VÍDEO: Eduardo Bolsonaro é desmentido por Flávio: funcionário de Trump não tratou de sanções a Moraes

Reunião do senador sequer foi com o chefe de sanções do Departamento de Estado dos EUA, como havia ventilado Eduardo

Flávio Bolsonaro fala com a imprensa após reunião com funcionário do governo dos EUA: "Não falamos sobre sanções".Créditos: Ton Molina/Fotoarena/Folhapress
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O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) encheu bolsonaristas de esperança ao afirmar que o chefe de sanções do Departamento de Estado dos Estados Unidos viria ao Brasil para discutir sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com seu irmão Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e até mesmo com seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro

Como de praxe, entretanto, o parlamentar estava mentindo e, novamente, foi desmentido – desta vez pelo próprio irmão. De fato, David Gamble, chefe do Escritório de Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, desembarcou no Brasil nesta segunda-feira (5). A viagem, contudo, faz parte de uma agenda oficial de cooperação entre Brasil e EUA com reuniões previstas no Itamaraty, Ministério da Justiça e outros órgãos federais. 

Além disso, a reunião de Flávio Bolsonaro sequer foi com David Gamble, e sim com Ricardo Pita, conselheiro sênior para assuntos do Hemisfério Ocidental no Departamento de Estado – em outras palavras, um funcionário de Gamble. Além disso, em nenhum momento foram discutidas sanções a Moraes, como havia ventilado Eduardo Bolsonaro, e sim o tema previsto: a atuação transnacional de organizações criminosas como o Comando Vermelho e o PCC, e os vínculos dessas facções com grupos terroristas. 

Flávio Bolsonaro recebeu Ricardo Pita na condição de presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado e, em entrevista coletiva, desmentiu seu próprio irmão, negando que a pauta do encontro tenha sido sanções a Moraes. 

"Eu na qualidade de Presidente da Comissão de Segurança Pública do Senado, havia pedido já há alguns dias uma reunião via embaixada americana aqui no Brasil com alguma autoridade do governo americano que a gente pudesse tratar dessa pauta de segurança pública. Então, o assunto aqui não tem nada a ver com sanções, com relação a quem quer que seja, como foi tratado e por parte da imprensa. Essa reunião não foi pra isso, já havia pedido essa reunião. O que nós tratamos aqui é que eu pedi ao governador Cláudio Castro, do Rio de Janeiro, por intermédio da sua Secretaria de Segurança, um relatório de inteligência sobre a expansão dos grupos brasileiros, em especial de tráfico de armas e drogas, mais especificamente o Comando Vermelho e o PCC, sobre as vinculações deles com organizações criminosas internacionais como o Hezbollah", disse Flávio. 

Veja vídeo: 

O desmentido de Flávio Bolsonaro fez com que Eduardo Bolsonaro virasse motivo de chacota entre usuários das redes sociais, já que ele havia afirmado que "a batata de Alexandre de Moraes está assando nos EUA". 

Embaixada dos EUA já havia desmentido 

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro anunciou neste sábado (3) que o chefe do Escritório de Coordenação de Sanções do Departamento de Estado dos EUA, David Gamble, viria ao Brasil para discutir sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Porém, o jornalista Jamil Chade foi checar a informação e o governo Trump desmentiu o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro

Segundo informa Chade, em seu blog no Uol, a visita de Gamble tem como objetivo estabelecer uma cooperação entre os dois países no combate ao crime organizado. De acordo com a assessoria de imprensa da Embaixada dos EUA no Brasil, "o Departamento de Estado dos Estados Unidos enviará uma delegação a Brasília, chefiada por David Gamble, chefe interino da Coordenação de Sanções. Ele participará de uma série de reuniões bilaterais sobre organizações criminosas transnacionais e discutirá os programas de sanções dos EUA voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas". Ou seja, nada a ver com Alexandre de Moraes. 

A viagem faz parte de uma agenda oficial de cooperação entre Brasil e EUA. Gamble tem agenda no Itamaraty, Ministério da Justiça e outros órgãos federais, de acordo com Chade.

Desde que abandonou o mandato de deputado no Brasil, Eduardo Bolsonaro tem se dedicado a articular sanções contra o ministro, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe, que tem como réus seu pai e diversos aliados. Além de ataques e ameaças nas redes sociais, nos EUA, Eduardo Bolsonaro tem se reunido com parlamentares da ala mais radical do trumpismo para tentar aplicar a Lei Magnistiky contra Moraes. Trata-se de uma legislação que prevê sanções econômicas a acusados de corrupção ou graves violações de direitos humanos, tais como o bloqueio de contas bancárias e de bens nos Estados Unidos, além da proibição de entrada no país. 
 

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