JUSTIÇA

Moraes reabre inquérito sobre suposta interferência de Bolsonaro na PF

Decisão atende a pedido de Paulo Gonet; investigações podem conectar possível interferência à chamada “Abin Paralela”

Créditos: Luiz Silveira/STF
Escrito en POLÍTICA el

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou nesta quinta-feira (16) a reabertura do inquérito que investiga uma possível interferência de Jair Bolsonaro (PL), durante sua gestão, na Polícia Federal. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Aberto em 2020, após o então ministro da Justiça e hoje senador Sergio Moro (União-PR) ter denunciado interferência política na PF, o inquérito havia sido encerrado em 2022 com a conclusão de que não havia crime. Em março daquele ano, a PF encerrou o inquérito concluindo que não havia crime e, em setembro, a então vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, solicitou o arquivamento.

Três anos depois, o novo comando da PGR afirma ser “imprescindível verificar com maior amplitude” se houve interferência direta ou tentativa de manipular investigações usando a máquina pública.

Confronto entre Moro e Bolsonaro

O inquérito foi instaurado em 2020, após Moro acusar Bolsonaro de tentar controlar investigações que envolviam familiares e aliados políticos. Na época, o ex-juiz da Lava Jato deixou o governo denunciando “interferência política” na corporação.

"O presidente me disse, mais de uma vez, que ele queria ter uma pessoa do contato dele que ele pudesse ligar, que ele pudesse colher informações, colher relatórios de inteligência", disse Moro quando saiu do Ministério, comentando que não era apropriado que o presidente tivesse acesso direto a esse tipo de informação. Bolsonaro reagiu a Moro, acusando o ex-juiz de denunciação caluniosa.

Dias depois da saída do ex-ministro, Bolsonaro tentou nomear Alexandre Ramagem, amigo da família que depois viria a ser diretor da Abin, como diretor-geral da corporação. A nomeação foi suspensa por Moraes, que apontou desvio de finalidade.

Possível conexão com a Abin Paralela

Em seu pedido para reabrir o inquérito, Gonet sustenta que é necessário verificar se houve “interferências ou tentativas de interferências nas investigações” com uso da máquina pública e “obtenção clandestina de dados sensíveis”.

O procurador-geral aponta que o caso deve ser analisado em conexão com os elementos coletados nessa investigação com a apuração da Abin Paralela, organização criminosa responsável por ataques a autoridades, ao sistema eleitoral e às instituições democráticas.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar