Após mais de um século, espécie extinta e redescoberta prospera em terras indígenas

Considerada extinta desde o final do século 19, a espécie, que data do Pleistoceno (há cerca de 12 mil anos), foi reencontrada em uma pequena comunidade isolada e reintroduzida à natureza

Tacaé-do-sul (Porphyrio hochstetteri).Créditos: Wikipedia
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Após mais de um século "desaparecido" da natureza (por um período de cerca de 125 anos), o tacaé-do-sul (Porphyrio hochstetteri), ave nativa da Nova Zelândia e a maior espécie de ralídeo (família de aves terrestres de médio porte) da atualidade, voltou a povoar as terras de seus ancestrais.

Considerada extinta desde o final do século 19 (com o último avistamento registrado em 1898), a espécie havia sido reencontrada, em 1948, em uma pequena comunidade isolada em meio às Montanhas Murchison, no Parque Nacional Fiordland da Nova Zelândia, seu habitat nativo. Desde então, os esforços têm sido constantes para garantir sua reintegração à natureza.

Com cerca de 63 cm de comprimento e asas curtas, incapazes de alçar voo, as aves são coloridas numa gradação de tons de azul e violeta, com bico curto avermelhado que se assemelha a uma máscara.

Tacaé-do-sul (Porphyrio hochstetteri).
Créditos: Wikipedia

Mais recentemente, 18 indivíduos da espécie foram libertados na região sul da Ilha do Sul neozelandesa, no Vale de Greenstone, o que marca um novo capítulo na história da espécie.

O Vale foi escolhido para a reintrodução natural do tacaé-do-sul porque é lar da tribo Ngai Tahu, do povo Maori, para quem a ave é um símbolo sagrado. As penas dos tacaés são consideradas tesouros culturais e espirituais dos Ngai Tahu.

As iniciativas de reintrodução partem do Departamento de Conservação da Nova Zelândia (DOC) em conjunto com comunidades indígenas e ambientalistas locais, como a Fulton Hogan e o New Zealand Nature Fund.

Em 2023, com a supervisão da líder Ngai Tahu, Ta Tipene O’Regan, as 18 aves foram levadas ao Vale, e, desde então, visitantes têm notificado sua proliferação bem-sucedida. O número total de indivíduos da espécie superou 500 em 2023 (em 2016, era de cerca de 300).

O monitoramento continua e os planos já envolvem outras áreas da região da Ilha Sul, como o Vale de Rees. Cercada pelo Estreito de Cook, o Mar da Tasmânia e o Pacífico, a ilha de clima temperado era habitada pelos Waitaha, povos ancestrais da Nova Zelândia, e depois pelos Ngai Tahu, que migraram para o sul no século 17. O nome maori da ilha nativa dos tacaés, Te Wahipounamu, significa "as águas da pedra verde". 

A espécie, que antes se acreditava extinta e que remonta ao Pleistoceno (há cerca de 11.700 anos), agora aparece na lista das ameaçadas de extinção.

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