Novas espécies de aves são registradas em São Paulo após revisão inédita da fauna paulista

Estado abriga 40% das aves do Brasil, mas também concentra o maior número de extintas

Créditos: Freepik
Escrito en MEIO AMBIENTE E SUSTENTABILIDADE el

São Paulo acaba de ganhar uma nova radiografia de sua fauna alada. Pesquisadores da USP, Unesp e do Instituto de Pesquisas Ambientais atualizaram o catálogo oficial das aves paulistas, que agora reúne 863 espécies distribuídas em 31 ordens e 93 famílias.

O levantamento aponta ainda que 125 delas estão ameaçadas e 20 já desapareceram regionalmente, um retrato da pressão ambiental sobre o território mais urbanizado do país.

A revisão substitui o levantamento feito há mais de uma década e corrige lacunas deixadas na edição anterior. Desde então, novas observações e registros em campo permitiram acrescentar 76 espécies e subespécies que não constavam na lista de 2011. O trabalho, publicado na revista Papéis Avulsos de Zoologia, também atualiza classificações, descarta duplicidades e consolida dados de coleções científicas e bancos públicos.

A lista funciona como uma ferramenta estratégica para orientar decisões ambientais e identificar onde a proteção da fauna é mais urgente.

Biodiversidade ameaçada

Com áreas de Mata Atlântica e Cerrado, São Paulo concentra cerca de 40% das espécies de aves do Brasil — mas também lidera o número de espécies extintas e em risco. O avanço urbano e o desmatamento reduziram drasticamente o hábitat de diversas aves. No Cerrado paulista, restam apenas 3% dos ambientes naturais originais, o que explica o desaparecimento de espécies dependentes desse ecossistema.

Os registros históricos mostram o impacto de longa data: muitos exemplares de aves extintas em São Paulo foram coletados ainda no século XIX e hoje pertencem a museus europeus. O estudo revisa esses arquivos e propõe uma base sólida para futuras reavaliações da fauna ameaçada — a última lista estadual, de 2018, já está desatualizada.

Com o novo levantamento, os pesquisadores esperam que o governo adote medidas mais consistentes de proteção e restauração ambiental. A perda de habitat, somada à expansão imobiliária e agrícola, segue como o principal risco para a avifauna paulista — e pode agravar-se ainda mais na próxima década se nada mudar.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar