Cuba

Como funcionam os embargos econômicos em Cuba?

Entenda como os embargos americanos afetam a ilha socialista

Escrito en História el
Historiadora e professora, formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Escreve sobre história, história politica e cultura.
Como funcionam os embargos econômicos em Cuba?
Povo cubano nas ruas de Havana manifestando contra os embargos norte-americanos. Jornal A Verdade

Como muitos outros países que não seguem a linha do capitalismo tradicional e se opõem à influência imposta dos Estados Unidos, Cuba enfrenta há décadas um dos embargos econômicos mais rigorosos já impostos. A política de sanções contra a ilha caribenha afeta diretamente sua economia, desenvolvimento e relações internacionais.

Origem do embargo

O embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba começou oficialmente em 1960, após a Revolução Cubana liderada por Fidel Castro. Com a nacionalização de empresas americanas em território cubano e o alinhamento político de Cuba com a União Soviética, os EUA reagiram impondo restrições comerciais e financeiras.

O bloqueio foi formalizado em 1962 pelo presidente John F. Kennedy, tornando-se um dos pilares da política externa americana durante a Guerra Fria. Desde então, o embargo foi sendo expandido e endurecido ao longo das décadas.

Fidel Castro na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1960
(foto: wikipédia)

Como funciona o embargo?

O embargo é composto por diversas sanções e restrições, incluindo:

  • Proibição de comércio direto: Empresas americanas não podem vender ou comprar produtos cubanos, com exceções limitadas como alimentos e medicamentos sob autorização especial.
     
  • Sanções financeiras: Cuba tem acesso restrito ao sistema bancário e financeiro internacional, especialmente ao dólar americano.
     
  • Punição a terceiros: A Lei Helms-Burton (1996) permite que empresas estrangeiras que façam negócios com Cuba sejam processadas nos EUA, o que afasta investimentos internacionais.
     
  • Impedimentos logísticos: Navios que atracam em portos cubanos enfrentam restrições para acessar portos norte-americanos por até seis meses, o que dificulta o transporte de mercadorias.
     

Impactos na população cubana

Apesar de o embargo ter como objetivo oficial enfraquecer o regime cubano, seus efeitos mais profundos recaem sobre a população:

  • Falta de produtos básicos: A escassez de alimentos, medicamentos e equipamentos médicos é um problema recorrente.
     
  • Desenvolvimento limitado: Cuba enfrenta dificuldades para modernizar sua infraestrutura e atrair investimentos externos.

A maioria dos países e organizações internacionais condena o embargo. A Assembleia Geral das Nações Unidas, por exemplo, já aprovou dezenas de resoluções exigindo seu fim — a última com 187 votos a favor e apenas dois contra (EUA e Israel).

Durante o governo de Barack Obama (2009–2017), houve uma tentativa de reaproximação, com a reabertura de embaixadas e o afrouxamento de algumas sanções. No entanto, essas medidas foram revertidas em grande parte pelo governo Trump e pouco alteradas na gestão Biden, que manteve uma postura cautelosa.

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