As autoridades turcas anunciaram neste sábado (5) a detenção de três prefeitos opositores como parte de uma investigação por suposta corrupção, o que levou o Partido Republicano do Povo (CHP) a denunciar uma "operação política" do governo de Recep Tayyip Erdogan.
O Executivo aumentou a pressão sobre o CHP, que obteve uma vitória significativa sobre o partido do presidente, o AKP, nas eleições locais do ano passado.
Os detidos neste sábado são Zeydan Karalar, prefeito de Adana, Muhittin Bocek, de Antália, um popular destino turístico, e o prefeito de Adiyaman, Abdurrahman Tutdere, informou na rede social X Mansur Yavas, prefeito de Ancara, a capital do país.
As detenções estão vinculadas à investigação por suposta corrupção que motivou a destituição, em março, do influente prefeito opositor de Istambul, Ekrem Imamoglu.
A detenção de Imamoglu, o maior rival político de Erdogan e candidato do CHP à presidência em 2028, provocou grandes protestos na Turquia, os mais importantes desde 2013.
"Em um sistema em que a lei oscila de acordo com a política, e onde a justiça é aplicada para alguns, mas não outros, ninguém pode esperar que confiemos no império da lei, nem que acreditemos na justiça", enfatizou neste sábado o prefeito de Ancara.
"Não vamos nos dobrar à injustiça, nem à ilegalidade, nem às operações políticas", insistiu Mansur Yavas.
O líder do CHP, Özgür Özel, classificou as últimas detenções como "uma operação suja realizada por um político", em referência ao procurador-geral de Istambul, Akin Gürlek, responsável pela maioria das investigações contra seu partido.
O presidente turco acusou o partido opositor de usar os protestos para desviar a atenção das investigações por corrupção.
O CHP está "tentando encobrir seus crimes e proteger seus criminosos com protestos nas ruas, em um esforço para desgastar nossas instituições judiciais", disse Erdogan, segundo a agência estatal de notícias Anadolu.
Os prefeitos de Adana e Adiyaman estão relacionados a uma investigação da Procuradoria de Istambul sobre suposta manipulação de contratos públicos e suborno, segundo a mesma agência.
O prefeito de Antália foi detido por outra investigação, neste caso da Procuradoria local, por suspeitas de suborno. A polícia também prendeu o filho de Bocek.
No início da semana, a polícia anunciou a detenção de mais de 120 pessoas como parte de uma investigação, novamente por suposta corrupção, em Izmir, terceira maior cidade do país e reduto da oposição.