INOVAÇÃO

Como essa região do Brasil está revolucionando a produção nacional de cerveja

Tecnologia de ponta, que pode dar ao Brasil autossuficiência na produção de cerveja, impulsiona a produção de extrato de lúpulo brasileiro no Vale do Ribeira, interior de São Paulo.

Cerveja, malte e lúpulo.Créditos: Freepik
Escrito en GASTRONOMIA el

O Brasil dá um passo gigantesco em direção à autossuficiência e sustentabilidade na produção de cerveja com um projeto inovador desenvolvido no Vale do Ribeira (SP). Nascida dentro do Centro de Pesquisa em Biodiversidade e Mudanças do Clima (CBioClima), a iniciativa foca na extração de compostos aromáticos e bioativos do lúpulo. Esta tecnologia de ponta promete tornar o cultivo nacional mais competitivo e menos dependente de importações.

“Normalmente o lúpulo brasileiro é vendido em pellets [flores desidratadas e prensadas] para cervejarias. No entanto, com essa tecnologia, o lúpulo pode ser comercializado no formato de óleo, o que, além de ganhos logísticos, confere resultados na produção da cerveja muito superiores aos métodos convencionais”, explica Levi Pompermayer Machado, professor da Unesp e um dos pesquisadores envolvidos no projeto.

A chave do projeto reside na utilização da extração supercrítica com dióxido de carbono. Essa técnica, consolidada em países produtores tradicionais como Alemanha e Estados Unidos, permite extrair as substâncias essenciais do lúpulo — responsáveis pelo aroma, sabor e amargor da cerveja — com altíssima eficiência e pureza. 

O resultado é um extrato concentrado que garante maior rendimento na brassagem e, consequentemente, uma qualidade superior na bebida final. Um dos maiores impactos desta inovação é a otimização logística e a redução de custos. Ao invés de transportar grandes volumes de flores de lúpulo, que demandam refrigeração e ocupam espaço considerável, o transporte passa a ser do extrato concentrado. 

Esta mudança simplifica a cadeia de suprimentos e diminui significativamente o custo por volume, favorecendo o produtor local e o crescimento da cadeia produtiva brasileira de lúpulo. 

Além dos benefícios diretos para a indústria cervejeira, o projeto do CBioClima promove um modelo de economia circular. O dióxido de carbono utilizado no processo de extração é reaproveitado, eliminando resíduos químicos e o descarte poluente. Mais do que isso, a biomassa residual do lúpulo, conhecida como spent hop, mantém valiosas propriedades antioxidantes, como flavonoides e compostos fenólicos, podendo ser aproveitada em outros setores, como o de cosméticos e farmacêuticos.
 

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar