Quando pensamos na mente sombria do presidente dos EUA, Donald Trump, não podemos mais nos surpreender. Nesta sexta-feira (16), soubemos que a gestão do republicano pensa em criar um reality show onde imigrantes competiriam entre si e o vencedor ganharia como prêmio a cidadania estadunidense.
Não demorou muito para que o projeto de Trump fosse comparado à saga distópica "Jogos Vorazes", criada pela escritora Suzanne Collins.
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"Jogos Vorazes": Ficção ou Realidade?
Criada pela autora americana Suzanne Collins, a trilogia original - composta por “Jogos Vorazes” (2008), “Em Chamas” (2009) e “A Esperança” (2010) - transporta os leitores para o sombrio universo de Panem, uma nação pós-apocalíptica onde 12 distritos oprimidos servem à rica e cruel Capital.
O cerne da história acompanha Katniss Everdeen, uma jovem do Distrito 12 que se voluntaria para os terríveis Jogos Vorazes no lugar de sua irmã mais nova. Esses jogos, um reality show mortal, obrigam 24 adolescentes a lutarem até a morte. Eles servem como punição por uma rebelião passada e como ferramenta de controle social. A narrativa ganha complexidade quando Katniss, interpretada brilhantemente por Jennifer Lawrence nos filmes, se torna involuntariamente o símbolo de uma revolução que abala as estruturas de Panem.
O sucesso foi tão retumbante que gerou quatro adaptações cinematográficas entre 2012 e 2015, arrecadando mais de US$ 3 bilhões globalmente. A franquia ganhou ainda mais fôlego em 2023 com o lançamento de A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes, um prequel que explora a juventude do vilão Presidente Snow.
O Impacto Cultural de “Jogos Vorazes”
O que torna “Jogos Vorazes” tão especial é sua capacidade de misturar a cultura dos reality shows com profundas críticas sociais. A saga aborda temas como desigualdade social, manipulação midiática, os traumas da guerra e o preço da liberdade — questões que continuam extremamente relevantes até hoje. Katniss Everdeen, a protagonista, se consolidou como um dos personagens femininos mais importantes da ficção juvenil.
Mais de uma década depois, o impacto cultural de “Jogos Vorazes” permanece visível, influenciando uma nova geração de distopias e mantendo seu lugar como uma das obras mais marcantes do gênero.
Dos livros para as telas de cinema
A adaptação dos livros de “Jogos Vorazes” para o cinema foi um dos projetos mais ambiciosos e bem-sucedidos da década de 2010. Dirigidos por Gary Ross (o primeiro filme) e Francis Lawrence (os demais), os filmes capturaram a essência sombria e eletrizante da trilogia original, conquistando tanto fãs dos livros quanto novos espectadores.
O primeiro filme, “Jogos Vorazes” (2012), introduziu o público ao mundo distópico de Panem e à protagonista Katniss Everdeen, interpretada por Jennifer Lawrence em uma atuação que a consagrou como uma das maiores estrelas de Hollywood. A escolha do elenco foi crucial para o sucesso: Josh Hutcherson como Peeta Mellark e Liam Hemsworth como Gale Hawthorne trouxeram profundidade aos personagens centrais, enquanto Donald Sutherland, como o presidente Snow, personificou a vilania com uma presença marcante. A produção conseguiu equilibrar a violência crua dos livros com uma narrativa visualmente impactante, mantendo a classificação etária acessível ao público jovem.
O segundo filme, “Jogos Vorazes: Em Chamas” (2013), elevou a tensão e o escopo da história e teve recepção da crítica ainda mais positiva que a do primeiro, consolidando a franquia como um fenômeno cultural.
Os dois filmes finais, “Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1 (2014) e Parte 2 (2015)”, dividiram o último livro da série e mergulharam de cabeça nos horrores da guerra. Enquanto a Parte 1 focou na preparação da rebelião e no jogo político, a Parte 2 entregou batalhas épicas e um desfecho que até hoje gera polêmica e divide opiniões.
Além do sucesso comercial, os filmes foram elogiados por sua fidelidade aos livros e pela maneira como traduziram temas complexos — como trauma pós-guerra e propaganda — para a linguagem cinematográfica. A trilha sonora, com participações de artistas como Taylor Swift e Lorde, também ajudou a definir o tom sombrio e melancólico da série.
Mais de dez anos depois, o legado cinematográfico de Jogos Vorazes permanece relevante, influenciando outras adaptações de livros jovens e mantendo uma base de fãs dedicada. Com o lançamento do prequel “A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (2023)”, o universo de Panem prova que ainda há histórias para contar.
Governo Trump avalia reality show onde imigrantes competem pela cidadania
O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos (DHS) está considerando uma proposta inusitada: um reality show no qual imigrantes competiriam entre si pela tão sonhada cidadania estadunidense.
No contexto atual da política de Washington, o absurdo até faz sentido. O presidente Donald Trump ganhou destaque como apresentador do reality show The Apprentice (O Aprendiz), que estreou em 2004 na NBC.
O programa de competição empresarial apresentado por Trump reunia candidatos que disputavam uma vaga de alto escalão em suas empresas, enfrentando desafios semanais de negócios. O atual presidente, no papel de mentor e juiz, eliminava participantes com sua icônica frase “You’re fired!” (“Você está demitido!”).
O formato, que combinava empreendedorismo e estratégia, ajudou a consolidar a imagem pública de Trump como um empresário durão e carismático, ampliando sua fama muito além do setor imobiliário. O sucesso do programa foi fundamental para impulsionar sua visibilidade e preparar o terreno para sua campanha presidencial em 2016.
A informação sobre a gincana por cidadania estadunidense foi inicialmente divulgada pelo Daily Mail e confirmada pelo Washington Post, colocando em debate uma abordagem inédita e controversa para o processo migratório.
Como vai funcionar The American
Idealizado por Rob Worsoff, roteirista e produtor canadense conhecido por programas como Duck Dynasty (A&E) e Millionaire Matchmaker (Bravo), o programa provisoriamente chamado The American colocaria doze imigrantes para competir em provas que exploram a história e a cultura dos Estados Unidos.
Os participantes chegariam de barco à Ilha Ellis — símbolo histórico da imigração dos EUA — e viajariam pelo país em um trem chamado “The American”, enfrentando desafios como garimpar ouro em São Francisco, competições tradicionais de rolamento de troncos em Wisconsin e montagem de um Ford Modelo T em Detroit.
No episódio final, o vencedor seria naturalizado oficialmente nos degraus do Capitólio, em Washington, em uma cerimônia solene. O formato ainda prevê que imigrantes que possam pagar tenham a opção de adquirir o green card — o visto de residência permanente — mediante pagamento direto, evidenciando uma faceta mercadológica do acesso à cidadania.
A porta-voz do DHS, Tricia McLaughlin, informou que a proposta está em fase inicial de avaliação, sem aprovação ou rejeição formal, e que a secretária de Segurança Interna, Kristi L. Noem, ainda não analisou o projeto.