A morte do advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco, de 51 anos, encontrado em estado crítico na madrugada de quarta-feira (1º), no bairro de Higienópolis, região central da capital paulista, está sendo investigada pela Polícia Civil de São Paulo, que agora se atém a um fato novo. A principal linha de apuração aponta para uma possível intoxicação por metanol, substância letal que tem causado mortes em meio a uma onda de bebidas adulteradas no país. A suspeita ganhou força após a revelação de uma mensagem enviada por Pacheco a um grupo de amigos no WhatsApp, onde ele afirmou, cerca de uma hora e meia antes de falecer, que havia ingerido o composto químico.
Por volta da meia-noite do dia 1º, Pacheco enviou uma mensagem breve em um grupo de contatos próximos, que foi apagada logo em seguida. Depois à 0h06, ele voltou a escrever, dizendo: “Desculpe os erros, tomei metanol”. Menos de uma hora depois, à 0h50, autoridades registraram uma ocorrência na Rua Itambé, número 143, onde o advogado foi encontrado por testemunhas em estado grave, com convulsões, vômitos e dificuldade para respirar. Equipes de emergência médica foram acionadas, e ele foi levado a um hospital próximo, mas não resistiu, com o óbito confirmado às 1h40.
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Uma testemunha relatou à polícia que viu Pacheco passando mal na rua e imediatamente chamou socorro. Sem documentos que o identificassem no momento, ele foi atendido pelo serviço de urgência e encaminhado à Santa Casa. A Secretaria da Segurança Pública informou que o caso está sob investigação, com laudos toxicológicos em andamento para confirmar a causa da morte. “Os resultados das análises, quando finalizados, serão fundamentais para esclarecer os fatos”, declarou a pasta. O caso foi inicialmente registrado como morte súbita em uma delegacia da região, enquanto a Secretaria da Saúde afirmou não ter recebido notificação formal sobre o episódio.
A morte de Pacheco ocorre em um momento de alerta geral, especialmente em São Paulo, sobre o consumo de bebidas alcoólicas falsificadas, contaminadas por metanol, um solvente industrial que provoca sintomas graves como falência de órgãos, cegueira e morte. A gravidade da situação tem mobilizado autoridades sanitárias e reforçado fiscalizações em comércios informais.
Um legado jurídico e a consternação pela perda
Luiz Fernando Pacheco era uma figura de destaque no meio jurídico brasileiro, conhecido por sua atuação combativa e por sua liderança no Grupo Prerrogativas, uma associação de advogados progressistas fundada em 2014. O coletivo ganhou notoriedade por defender causas de grande impacto, como a condenação injusta do então ex-presidente Lula (PT) nos processos da Lava Jato. Pacheco também ocupou cargos de relevo, como conselheiro estadual da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) e vice-presidente do conselho deliberativo do Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD).
A notícia de sua morte abalou profundamente colegas e amigos, que o descreveram como um profissional ético, solidário e de inteligência excepcional. O Grupo Prerrogativas divulgou uma nota de pesar, lamentando a perda de um de seus fundadores e destacando sua dedicação à defesa do Direito e das garantias dos advogados. “Neste momento de dor, nos unimos para apoiar a família e preservar a memória de um jurista que deixa um vazio irreparável”, dizia o comunicado.
Antes mesmo da revelação da mensagem sobre o metanol, o falecimento de Pacheco já intrigava por sua natureza repentina, em plena via pública, sem sinais evidentes de violência ou outros fatores claros, alimentando especulações sobre um mal súbito ou exposição a algum risco inesperado.