O senador Plínio Valério (PSDB-AM), após promover ataques misóginos a Marina Silva durante audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27), voltou a atacar a ministra no plenário, horas depois.
Em uma tentativa de justificar os ataques, o tucano repetiu as ofensas à ministra. Vale lembrar que, em março, durante um evento, Plínio Valério já havia demonstrado seu ódio à Marina ao afirmar que tinha vontade de "enforcá-la".
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"É um dever respeitar as mulheres e um direito de não concordar com a função. Eu só separei a mulher da ministra. Mulheres respeitadas sempre, sempre. É um dever nosso respeitar as mulheres. A ministra do Meio Ambiente eu não tenho como respeitar, porque ela desrespeita a gente o tempo inteiro", disparou o senador.
Entenda o que aconteceu
A ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, abandonou audiência na Comissão de Infraestrutura do Senado, onde compareceu como convidada, após um novo ataque misógino do líder do PSDB, Plínio Valério (PSDB-AM).
A nova agressão, nesta terça-feira (27), aconteceu pouco mais de dois meses após Valério dizer que queria "enforcá-la" durante cerimônia da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio), em 14 de março.
"Imagine o que é tolerar Marina 6 horas e dez minutos sem enforcá-la", disse o senador tucano, sobre a participação de Marina na CPI das ONGs, no Senado.
Nesta terça, Valério voltou à tona e desferiu novo ataque misógino na comissão, comandada pelo bolsonarista Marcos Rogério (PL-RO). Em sua intervenção, em meio a ataques de bolsonaristas, o tucano disse que queria separar "a ministra da mulher", porque "mulher merece respeito, a ministra não".
Antes do ataque do tucano, Marina teve o microfone cortado diversas vezes por Rogério, que reclamou dizendo que gostaria que ela "fosse uma mulher submissa". "E eu não sou", rebateu a ministra.
"Me respeite, ministra, se ponha no teu lugar”, gritou Rogério, impedindo a ministra de falar e alegando que pediu que ela se colocasse em seu "lugar de ministra de Estado".
Veja vídeo:
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) acusou Marcos Rogério de machismo e de ter faltado com o respeito a Marina Silva. O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), também saiu em defesa da ministra e defendeu que ela abandonasse o colegiado em meio às confusões.
Ao final, Marina afirmou que só ficaria na comissão se o senador tucano lhe pedisse desculpas. "Sou uma mulher de luta e de paz. Mas nunca vou abrir mão da luta. Não é pelo fato de eu ser mulher que vou deixar as pessoas atribuírem a mim coisas que não disse", disse Marina.
Sem as desculpas, Marina levantou-se e foi embora, mesmo com ameaças de Valério, que dizia que iria convocá-la para novo depoimento.
Marina Silva se manifesta
Após os ataques, Marina Silva se manifestou em entrevista coletiva e através das redes sociais.
"Após mais uma agressão do senador Plínio Valério, lhe dei a opção de pedir desculpas, mas ele se negou. Por isso me retirei da sessão. Não posso aceitar ser agredida e não posso me calar quando atribuem a mim responsabilidades que não são minhas", declarou a ministra.
Confira:
Indignado, Lula liga para Marina e presta solidariedade
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo de uma série de ataques misóginos durante audiência no Senado, realizada nesta terça-feira (27). Após ser desrespeitada repetidas vezes, Marina se retirou da reunião.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesta terça tirou repouso após passar mal na segunda-feira (26), se indignou com os ataques contra Marina Silva e telefonou para a ministra.
No telefonema, Lula disse o seguinte para Marina Silva: “Me senti melhor depois que você tomou a decisão de se retirar da comissão. Você fez certo. Era isso mesmo que você deveria ter feito." As informações são da GloboNews.
A ministra das Relações Institucionais do governo Lula, Gleisi Hoffmann, foi às redes sociais para manifestar o repúdio do Palácio do Planalto aos ataques de que a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo durante audiência no Senado.
"Inadmissível o comportamento do presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério, e do senador Plínio Valério, na audiência de hoje com a ministra Marina Silva. Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã. Manifestamos repúdio aos agressores e total solidariedade do governo do presidente Lula à ministra Marina Silva", declarou a ministra Gleisi Hoffmann.