O senador Cleitinho (Republicanos-MG) voltou a protagonizar mais um episódio marcado pelo excesso e pela teatralização. Na manhã desta terça-feira (20), o parlamentar compareceu a uma operação da Polícia Federal, em Brasília, e tentou, sem sucesso, entrar no local onde agentes realizavam a apreensão de veículos de luxo ligados a Antonio Carlos Antunes, conhecido como “careca do INSS”, suspeito de envolvimento em fraudes contra aposentados.
O episódio ocorreu durante a continuidade da operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos fraudulentos nos benefícios de aposentados e pensionistas do INSS. Durante a gravação de um vídeo para redes sociais — prática comum de Cleitinho — o senador tentou forçar a entrada na garagem onde a ação acontecia, afirmando estar “no exercício do mandato”. Foi barrado por agentes da PF e elevou o tom de voz, insistindo que tinha prerrogativas parlamentares para acompanhar a operação de perto.
Te podría interesar
Em frente às câmeras, Cleitinho acusou em voz alta o investigado de ser um “vagabundo” que “roubou aposentado” e clamou pela instalação imediata da CPMI do INSS, uma comissão parlamentar mista de inquérito para investigar as fraudes — proposta que, embora debatida no Congresso, ainda carece de articulação e equilíbrio político para sair do papel.
A tentativa de invadir o local da operação, sob a justificativa de “fiscalização”, foi rebatida com firmeza pelos policiais presentes, que seguiram os protocolos e impediram o acesso. A Polícia Federal, inclusive, não divulgou previamente qualquer convite ou autorização formal para parlamentares acompanharem a diligência.
Te podría interesar
O foco da operação
Enquanto isso, o foco da operação era a apreensão de cinco carros de luxo, entre eles BMWs, Porsches e uma Land Rover, todos supostamente comprados com dinheiro desviado de aposentadorias. O total arrecadado pelas entidades envolvidas no esquema, segundo investigações, chega a R$ 1,3 bilhão entre 2021 e março de 2025.
A abordagem ruidosa e performática de Cleitinho — repleta de frases de efeito para redes sociais — gerou críticas por parte de analistas e setores políticos que veem no comportamento do senador um oportunismo populista, que mais serve a sua projeção pessoal do que ao real combate à corrupção.
O caso evidencia a tentativa de uso de operações policiais como palanque, em detrimento do respeito institucional e do devido processo legal. Parlamentares têm o dever de fiscalizar, mas dentro dos limites legais e com responsabilidade. Quando o espetáculo se sobrepõe ao conteúdo, quem perde é o cidadão — especialmente os mais vulneráveis, como os aposentados vítimas do esquema que motivou a operação.