Alvo de severas críticas por vídeo institucional com provocações à sociedade civil e ameaça ao governo Lula, a Marinha encerra nesta segunda-feira (2) concurso para o posto de Oficial Superior Temporário da Reserva de 3ª Classe (RM3), com salário inicial de cerca de R$15 mil.
Com penduricalhos, como benefícios e gratificações, os ganhos mensais podem atingir R$ 19 mil - mais de 10 vezes o valor do salário mínimo, pago a uma grande parcela da população brasileira.
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Além de assistência médico-odontológica, a Marinha oferece ainda assistência psicológica, social e até religiosa.
O concurso serve principalmente para selecionar quadros da própria Marinha com graduação para trabalhar em especialidades. O ingresso na Força se dará direto no cargo de Capitão de Corveta, uma das patentes mais altas.
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As 43 vagas oferecidas são concentradas nas áreas de Ciência e Tecnologia, Educação e Medicina, com o recrutamento de médicos para atender os próprios militares da Força.
Uma novidade desse concurso é a faixa etária que se estende dos 18 aos 62 anos - antes, o limite de idade era de 40 anos.
Provocação e ameaça
O concurso com salário inicial de R$ 15 mil acontece em meio à revolta causada nas redes sociais pela peça publicitária que, supostamente, integra as comemorações do Dia do Marinheiro - data que é celebrada apenas no dia 13 de dezembro.
O vídeo transmite a mensagem de que os membros da Marinha não aceitariam perder "privilégios". Para muitos usuários nas redes sociais, o conteúdo é uma provocação à sociedade civil e uma ameaça velada ao governo do presidente Lula.
Com duração de 1 minuto e 16 segundos, o vídeo alterna cenas de civis em atividades cotidianas, como momentos em família, festas ou viagens, com imagens de militares da Marinha em treinamentos intensos ou operações oficiais.
A mensagem implícita é que a vida dos militares seria mais difícil e arriscada, enquanto os civis viveriam de forma mais "confortável". A trilha sonora de suspense reforça essa contradição, sugerindo que é a sociedade civil, e não os militares, quem realmente goza de "privilégios".
No final do vídeo, uma jovem militar questiona em tom irônico: "Privilégios? Vem pra Marinha".
Para muitos, a peça publicitária representa uma ameaça ao governo Lula, principalmente por ter sido divulgada apenas dois dias após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar um pacote de medidas para corte de gastos. O pacote inclui reduções no orçamento das Forças Armadas e modificações nos regimes de previdência e pensão dos militares.
Nos bastidores, integrantes das Forças Armadas têm manifestado insatisfação com as propostas do governo. O vídeo reforça a percepção de que a Marinha não estaria disposta a abrir mão de seus privilégios, tornando ainda mais tensa a relação entre os militares e o Executivo.