O governo de Jair Bolsonaro pagou com recursos públicos duas viagens emergenciais, em 2021, para que o engenheiro Carlos Rocha fosse a Brasília para se reunir com integrantes da cúpula da tentativa de golpe de Estado, e, então, emitisse pareceres com acusações falsas sobre a credibilidade das urnas eletrônicas usadas no país, mesmo faltando mais de um ano para o pleito presidencial.
Rocha é um dos 37 indiciados pela PF por integrarem uma organização criminosa que teria a intenção de pôr fim ao regime democrático brasileiro.
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De acordo com os dados contidos no relatório elaborado pela Polícia Federal, e já encaminhado ao STF e à PGR, o engenheiro representaria a ONG Voto Legal e seus voos em caráter de urgência custaram mais de R$ 7 mil. Oficialmente, o responsável por comprar as passagens e receber Rocha na capital da República era o Ministério da Ciências e Tecnologia, à época comandado pelo hoje senador Marcos Pontes. A autorização para o gasto, por se tratar de viagem emergencial, só poderia ser dada pelo secretário-executivo da pasta ou pelo próprio ministro.
As reuniões ocorreram em 23 e 30 de julho de 2021. Sobre a primeira, não há qualquer registro oficial ou informação pública em relação à realização do evento, diferentemente da segunda, que entrou na agenda oficial do governo, foi realizada no Palácio do Planalto e teve a participação do próprio então presidente Jair Bolsonaro, além dos ministros Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, e Augusto Heleno, do Gabinete Institucional da Presidência da República (GSI).
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A PF concluiu que Rocha teria produzido o tal relatório apontando falhas na segurança da urna mesmo sabendo que aquilo era totalmente falso. O parecer foi encomendado pelo PL, presidido por Valdemar Costa Neto, e custou R$ 1 milhão, tendo sido posteriormente usado nos questionamentos judiciais feitos pela legenda derrotada por Lula.
Carlos Rocha, assim como Jair Bolsonaro, Augusto Heleno e Valdemar Costa Neto tiveram seus nomes diretamente arrolados no inquérito da PF e se tornaram indiciados, diferentemente de Marcos Pontes, que embora citado algumas vezes no relatório, não sofreu indiciamento.